Passeio no parque

    Era um dia fresco de inverno. Da mata vinham ruídos de insetos, cantos de pássaros, gritos de gaviões.
      O seu pequeno grupo seguia pela trilha, cruzando algumas vezes com outros caminhantes, quase sempre solitários. Paravam de vez em quando para observar os saguis e os caxinguelês alimentando-se nos comedouros .
      Foi então que, de súbito, Mariana sentiu  um intenso estranhamento, uma percepção sinestésica de ausência. Como se alguém  os acompanhara (invisível ?) até aquele momento e de repente, deixando um vazio, se evolara por entre os galhos da densa vegetação.
       Fotografando borboletas, observando aves nas copas das árvores,ninguém percebeu a mudança de humor da mulher. Ela seguia agora,acompanhando o grupo, em silêncio, numa tristeza sem razão de ser, sem nome, sem palavras. E assim foi até que chegaram a um pequeno lago.
          A luz do sol poente duplicada nas águas do lago , em contraste com a penumbra do caminho, trouxe de volta a paz e a alegria do passeio.
            Ela acreditava que pequenos transes pertencem apenas ao universo interno de cada um e que não convém os descrever em palavras. Porém, no lapso de tempo, na tarde do parque,  o conto se escreveu.