MONSTROS DOS RIOS - AS DUAS PIRAÍBAS

Lembro-me tão bem como se fosse hoje. Quando menino em minha cidade Urucará, baixo amazonas, aconteceu um fato surpreendente, diferente do normal, que hoje tenho a obrigação de narrar para os meus leitores e todos que como eu fazem parte do Recanto das Letras, este site maravilhoso, que nos permite postar nossos escritos para todo o Brasil.

Pois é, um dia desses qualquer, aconteceu que no horário de meio-dia, horário de descanso e silêncio, uma mulher foi lavar roupa no cedro do porto, o que era costume, quando de repente apareceu não se sabe de onde veio, ondas no rio muito forte que saiu levando tudo o que encontrava pela frente, causando um pandemônio nos portos da cidade e prejuízos aos donos de embarcações que estavam ancoradas no porto. A onda forte jogou a mulher lá em terra que quase a levou a óbito, devido o susto que levou.

No interior é assim, qualquer fato chama a atenção, aí, aparece as opiniões do censo comum, uns diziam que era uma tremenda Cobra Grande que passou pelo fundo do rio, outros que houve um deslizamento de terra, outros diziam que o mundo estava para acabar e que isto era só um aviso. O que sei, foi que depois tudo voltou a se acalmar, inclusive o rio.

Passado algumas horas, isso por volta das 16, um imbróglio no rio chamava a atenção, muitos da ribanceira se juntaram para ver, era ondas que iam e vinham em frente a cidade, tudo indicava ser um peixe muito grande para causar todo esse fordunço. Logo apareceram os pescadores, acostumados a pescar e matar o maior peixe do Amazonas o Pirarucu e a maior cobra a Anaconda, arrumaram os apetrechos de pescaria e rumaram para o meio do rio, com a haste e arpão na mão. Até então imaginava-se ser um peixe bem grande que continuava a dar o seu espetáculo e chamar a atenção, num ir e vir em frente a cidade, sumia e daqui a pouco aparecia, causando um verdadeiro alvoroço a população.

Os pescadores já preparados esperaram a onda se aproximar bem perto e lançaram a arpoada certeira no peixe, que saiu levando com linha e bóia para fundo do rio por alguns minutos, depois apareceu a bóia, começaram a colher, cansaram e depois assegundaram até matar o peixão. Era uma Paraíba de 3 metros de comprimento, nunca visto até hoje.

Depois uma nova onda surgiu, com os pescadores cercando e matando o peixe, era outra Paraíba menor um pouco, essa era uma fêmea, cuidaram lá na beirada mesmo.

Na cidade a maioria das pessoas não se alimentava de peixe de couro na época, então esses peixes foram tratados e salgados, vendidos aos barcos paraenses que trocavam por mercadoria.

Talvez tenha a ver com as ondas que surgiram no Rio ou esses peixes tenham se desviados de sue hábitat natural, por isso nadavam a deriva, sem saber para onde ir e vieram parar ali, não se sabe realmente o que aconteceu  com esses peixes.

Nunca vi peixes daquele tamanho, era um verdadeiro monstro do rio. Por isso sempre falo que nas profundezas dos rios da Amazônia há muitas feras misteriosas, que por vezes ficam rondando bem próximo de nós e não sabemos.

Obs: gostaria que alguém do nosso tempo de criança confirmasse esse acontecimento, já andei perguntando em Urucará e ninguém lembra, visto que, eu lembro desse fato acontecido.

A Piraíba e o Jaú, são as duas maiores feras dos nossos rios.

Salve os escritores e poetas

Viva a Poesia regional

Que de melhor não se tem igual

Manaus, 17/07/2011

Autor: José Gomes Paes

Escritor e poeta de Urucará

A princesinha do baixo amazonas