A FUXIQUEIRA
A FUXIQUEIRA
Desencavou-lhe mil defeitos. Depois que passaram a morar na mesma casa, passou a abrir todas suas cartas. Ganhara o rosto na janela desde cedo, antes mesmo que a filha menstruasse. Todo homem, para ela, fora safado; e toda mulher seria descarada. Andava de salto alto e de olhos para além do muro dos vizinhos. Pobre coitada!
Inventou-lhe mil amantes. Depois que passaram a morar na mesma casa, passou a acompanhar seus passos qual uma sombra ciumenta. Perdera o marido muito jovem, não por falta de ânimo, mas por um desejo incontrolável de, sempre quando, em casa chegasse, bolsos e carteiras seriam irremediavelmente vistoriados.
E o coitado difamado, esposo da filha, num rasgo de jesuscristice inesperado, sacudiu-lhe os ombros, deu-lhe as costas, trancou-se no quarto com a mulher e fizeram amor o mais alto que puderam. Afinal de contas, sogra é sogra!