Nos confins do sertão - BVIW
Nos confins do sertão tem pé de louco, uma árvore sombria e enigmática. Reza a lenda, que a tribo canibal dos mulungus considerava a árvore sagrada, e debaixo dela fazia rituais, inclusive sacrifícios. Era oferecido comida aos ancestrais, sangue e miúdos humano. Todo caçador desavisado que adentrava na caatinga para caçar, desaparecia. Um mistério para o vilarejo dos cactos, que alimentava os ouvidos dos visitantes com os causos. Seu Bentinho era da velha guarda, e um dia, caçando tatu, teve o silêncio quebrado pelas vozes que vinham do mato. – Bentinhoooo, socorro! Estou amarrada no tronco do pé de louco. Ajude-me! Ele correu com a coragem dos catingueiros, mas não viu ninguém, e debaixo da árvore fez um pouso. Começou a se arrepiar, e de repente, duas cabeças humanas caíram sobre ele. Apavorando, levantou-se no susto, pegou da cintura o facão amolado, rezou para Padre Cícero, de olhos fechados duelou com o espírito do feiticeiro, e ao abrir os olhos, as cabeças tinham desaparecido. Passou o dia contando o feito, esqueceu de levar a comida pra casa. Lucinha cansada de esperar foi chamar o marido. – Quer dizer, que você fez e aconteceu? Não tem vergonha, não? Mentiroso!!! Estava tão bêbado que se borrou nas calças. Vamos pra casa, seu folgado! E quando chegar, lave suas cuecas!!!