Uivos de uma noite

O uivo. Os tiros. O som de madeira sendo estilhaçada cortavam a noite. O homem estava desesperado, a camisa rasgada e ensaguentada, buraco de balas no ombro e na barriga. Não iria viver muito tempo. Outra vez ouviu o uivo de um lobo cinzento para a lua. Passos do lado de fora da cabana. Ele respirava baixo, largado no chão sujo de poeira, estilhaços de madeira e móveis quebrados.

Do lado de fora o homem de sobretudo negro empunhava uma espada bastarda nas mãos, era uma arma de duas mãos, mas ele não tinha problemas em empunhar com apenas uma mão. Ele farejou o cheiro de sangue e medo. O cheiro vinha da cabana, se aproximou silencioso. Outro tiro, ossos quebrando um grito abafado. Das árvores ele viu uma mulher nua.

Dela havia uma longa calda cinza, pêlos cobriam pouco as suas costas, e o rosto....Era de uma loba!! Ela uivou outra vez. Largou o corpo do caçador destroçado no chão e entrou na cabana. O homem do sobretudo sorriu, tinha caninos longos e afiados. Empunhou a espada e esperou.

O homem no chão começou a respirar com dificuldade. Era mesmo o fim, pensou. Viu um vulto entrar. Tentou pegar a arma caída. Ouviu outro lobo uivando nas montanhas. O uivo era um chamado? Fechou os olhos e viu uma loba cinzenta, ela ficou sobre as patas e tomou forma de mulher, abriu os olhos. Ela estava na sua frente. Ela mostrou os dentes pontudos. Ele fechou os olhos e viu um lobo correndo nas montanhas, corria veloz na escuridão. A mulher agora corria ao seu lado. Os dois escalaram a montanha e viram- se diante do vale inteiro a lua cheia iluminando as árvores. O lobo se transforma num homem. A mulher o olha. Os dois uivam.

Dentro da cabana o homem de sobretudo, com a espada na mão não entendeu nada quando encontrou tudo vazio. Se arrepiou ao ouvir os dois uivos. Sentiu medo pela primeira vez.

Wesley Curumim
Enviado por Wesley Curumim em 24/06/2021
Código do texto: T7285540
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