O paraíso imperfeito de Beth
Em um certo ponto de sua vida, Beth achava que não havia mais nada que a assombrasse. Afinal, ela já superou tudo. Ou pelo menos era o que ela pensava fielmente. Seu maior medo era que tudo voltasse como um dia já foi.
“Essa sou eu?”, se perguntava em cada foto que tirava. Uma tela cheia de pixels e com muitas cores. A distorção de imagem corroía sua psique.
Quando esses sentimentos voltaram à flor de sua pele, Beth começou a chorar e pensar que era o fim.
E, talvez, realmente fosse… Muitas perguntas voltaram a ecoar na sua mente. Ou, quem sabe, Beth apenas estava acordando para sua vida real fora do muro que criou em sua volta.
Era um mini paraíso com imperfeições. Local onde seus problemas não a encomendavam tanto. “Me sinto bem como estou”, Beth reforçava nas suas psicoterapias.
Sentir demais sempre foi um problema até ela conseguir entender cada um deles. No entanto, como ela sempre afirmou para as outras pessoas “nada será como antes”. Mal sabia ela que esse conselho raso era tão profundo.
A forma como Beth cresceu no mundo foi cruel para si mesma. Sempre teve a visão da realidade com muita hiperatividade e dor emocional. “O que?”, “Como e por quê?”.
Seu racional fazia muitas perguntas e, embora já tivesse todas as respostas, se autosabotava com tudo aquilo. Ninguém compreendia seis sentimentos. Nem ela mesmo. Pedia ajuda, mas não deixava ninguém entrar no seu espaço.
Em cada segundo seu subconsciente gritava:
“SOCORRO!!!!”