"DIA DE AZAR" Conto de: Flávio Cavalcante

DIA DE AZAR

Conto de:

Flávio Cavalcante

Meu nome é Gabriela. Vim aqui para deixar marcada a minha história, que se entregasse nas mãos de um escritor, daria um puta romance.

Eu sou azarada desde o dia em que nasci. Tudo que eu tento conquistar até os dias de hoje, tenho que passar por um turbilhão de barreiras até atingir o sucesso daquilo que pretendo. Essa minha vida é de fato uma verdadeira via sacra.

O episódio mais recente foi o que deixou marcado; pois, seria hilariante se não fosse trágico.

Eu sou casada, muito bem casada; e o meu esposo me trata igual à uma rainha. Sempre foi assim, desde à época em que eu o conheci, ele, bem mais adiantado em idade em relação à mim; quase o dobro; hoje, um jovem senhor de 89 anos e eu começando à viver os meus quarenta. Já dá pra perceber que eu na flor da minha idade, sinto falta de umas pegadas firmes de um homem viril; infelizmente, este prato gostoso eu não tenho mais em casa. Tive que deixar de lado a opinião da sociedade e virei uma caçadora com muita praticidade, claro, que influenciada por algumas amigas que já estão acostumadas à praticar estas façanhas às escondidas, nas noites da minha cidade.

O azar da minha façanha está exatamente na minha primeira tentativa. Cheguei em casa do trabalho, dei um remedinho para o meu adorável esposo repousar; mas acho que exagerei um pouco na dosagem e em poucos minutos ele praticamente desmaiou com o efeito da droga. Rapidamente me produzi toda para conhecer um cidadão através das minhas amigas, que segundo elas, o cara era um verdadeiro Deus de ébano. Um tipo de negro desejável por qualquer um que pusesse os olhos em cima.

Eu fiquei toda trêmula de ansiedade, não vendo a hora de matar a minha vontade de fazer um sexo gostoso, com um homem bem gostoso.

Marcamos tudo direitinho para o nosso encontro. Ele escolheu até o motel, que por sinal de muito bom gosto. Banheira de hidromassagem, cama redonda com espelho no teto, todo um cenário perfeito para um momento inesquecível de prazer. Eu estava vivendo um momento de Cinderela; mas, não imaginava que por causa da minha sina de azar, eu estava para ver aquele momento maravilhoso ser transformado em um filme de terror na minha vida.

Chegamos no quarto, ficamos agarradinhos por alguns minutos para dar um toque de romantismo do momento. Música suave romântica pairava no ar, através de um sistema de som, que nem eu mesma sabia de onde vinha. Ele falou que precisava tomar um banho; achei aquela atitude bem normal, provando ser um homem cuidadoso com a higiene do corpo. Pegou uma toalha já disponível em cima da cama e foi se despindo. Cada peça de roupa que ele tirava, passava um filme na minha cabeça já prevendo ver o que aquela roupa escondia de tão especial. Até porque era até normal pela estatura do homem ter um membro invejável. Aí começou minha primeira decepção. Não era nada do que eu imaginava. O tamanho amendoim do mistério órgão genital do homenzarrão foi uma decepção total. Minha expressão de perplexidade foi brochante, graças à Deus sou mulher, e fingir prazer é coisa que o ser feminino já traz de berço.

Pensei comigo mesma "Ninguém merece, mas eu vou superar tudo isso, afinal de contas ninguém vai saber desses detalhes tão íntimos. O que eu não sabia era o que vinha no porvir que acabou de vez com a minha vida dentro daquele quarto. O banho do cidadão começou à demorar demais. O meu estômago começou a dar uma embrulhada e eu precisava usar o toalete, comecei à sentir fortes dores abdominais e já estava começando à ficar desesperador e o maldito homem não saía do maldito chuveiro. Comecei pedir que ele se apressasse e ele nem me dava ouvidos. Tentei conduzir minha agonia ao leu; Pois, por mais que eu tentasse explanar a minha situação constrangedora naquele difícil momento, pedindo até pelo amor de Deus que ele saísse daquela banheiro infeliz, mas parecia em vão. Ele não estava nem aí com os meus berros.

O pior aconteceu. Não teve jeito de segurar, os dejetos começaram a descer de perna à baixo. "E agora? O que devo fazer?" Pensei rapidamente apavorada. O mal cheiro, cobriu todo o quarto. Ele sentiu o odor de imediato e gritou de dentro daquele banheiro macabro. "E isto é hora de fazer manutenção em fossa? Que fedor da bexiga”. Pra completar o meu azar verifiquei que o dito homem tinha deixado o aparelho auditivo em cima da cama. Ele era surdo. É azar demais pra mim. Motivo dele não escutar meus berros. Tirei minha roupa de forma relâmpago, peguei os lençóis da cama e fiz deles papel higiênico. Deixei por lá minhas peças íntimas e sai às pressas daquele lugar antes que ele saísse do maldito banheiro. Cheguei na recepção, paguei a conta e saí de lá correndo feito uma louca desesperada. Peguei um táxi e fui direto pra minha casa. Nem quero imaginar a reação dele depois que saiu daquele banheiro. Tirei como lição e aprendi à nunca mais sair com um desconhecido sem saber detalhes da sua vida primeiramente.

FIM

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 19/06/2021
Código do texto: T7282527
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