ZÉ BODE
Em uma cidadezinha com ar interiorano, daquelas bem matutas, vivia um cabra chamado Zé Bode. Ele adorava fazer rimas com tons de melodia para todas as mulheres que por ele passavam.
Embora a intenção fosse ser cordial, as rimas de Zé Bode acabavam constrangendo as damas que sempre recebiam os seguintes "elogios":
- Zenaide a sua sina
De muié tão graciosa
É andar com a perna fina
Até não crescer capim na roça.
E cantarolava desavergonhado:
- Josefa sua beleza
É uma coisa estranha
Tem bigode da realeza
E ruga até nas entranhas.
O pobre Zé Bode não deixava escapar uma única senhorita. Todas as mulheres da cidade já sabiam que se esbarrassem nesse homem, ouviriam seus versos ultrajantes:
- Berenice moça loura
Que cheira a alfazema
Sua sobranceia precisa de uma tesoura
Parece um lobisomem fêmea.
Cantava todo dia e nunca se dava conta de como as mulheres não gostavam de seus versos. Contudo, chegou o dia em que a força feminina resolveu dar um jeito nas cantigas de Zé Bode.
Luís Cabra que observava o converseiro das mulheres, resolveu alertar Zé Bode fazendo uma rima:
- Zé Bode é melhor correr
Pois as mulheres estão zangadas
Elas vão teu couro comer
E não vão sobrar nem as nádegas.
Luís Cabra até tentou, mas não deu tempo. Várias mulheres se reuniram e deram uma grande surra em Zé Bode que finalmente entendeu que estava sendo desagradável e agora, com 3 dentes a menos, não cantarolava mais para as damas.