Mudança sazonal

Ninguém entendia a razão dos seus amuos, mesmo sendo eles os causadores disso. A pressão por uma coisa que nada eles tinham a ver, mas insistiam em se imiscuírem. Cedeu à "vontade popular". Era isso ou o "linchamento".

Então seguiu-se, tendo que adequar-se ao seu novo que, por consequência, deu origem a um "novo" - que já era velho - indivíduo.

Um indivíduo que agia de uma maneira completamente diferente do "original". No modo de falar, de se vestir, de andar, de se portar. Uma outra pessoa. Uma pedra sem brilho e inlapidada.

Por que tamanha mudança?

Outrora, antes de fazer o que queriam (lê-se obrigaram) os outros - de maior poder -, era um ser colorido, álacre e agradável de se ver. Uma joia das raras.

Mas não fora apenas na aparência que houve a tal mudança?

O que houve com o todo, então?

O todo era regido por aquilo que dava-lhe o valor. Tal qual um corpo sem alma: é só um corpo, não possui aquilo que compõe sua essência. Sentia-se assim. Perdera, talvez, o seu disfarce? Ou seria quem era de fato? A gentileza, prestatividade e afável jeito sumiram - ou, pelo menos, guardaram-se na caixa que forma sua chave com o passar do tempo...

Não possuía mais a imagem de antes, como disse: agradável. Não julgava-se mais amável como a estrelícia, gardênia, tulipa... Tornou-se um espinho, por isso agia como tal. À espera da transformação. Rito antigo, já conhecido.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 13/06/2021
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