VOLUNTARIADO
Cansada, triste e decepcionada, Lisiane, na janela de seu quarto, busca concentrar-me nas brincadeiras de roda de um grupo de crianças; no entanto, não tem sucesso. Seu pensamento continua confuso. Desiste e vai dormir com expectativa de que, após, uma noite de sono, tudo esteja bem.
Ao acordar, pela manhã, sente-se mais leve. Pensamentos, de um lado ao outro, pulando de situações agradáveis a tristes.
O dia está ensolarado e o céu azul, o que a leva a refletir sobre os problemas que se alastram na cidade. O que pode fazer? Agindo com racionalidade, reprime lágrimas e joga ao vento seus medos.
Troca de roupa e sai. Em uma ONG, inscreve-se como voluntária. Dão-lhe a tarefa de ensinar moradores de rua a ler e a escrever. A maioria não sabe escrever, nem mesmo o nome. Na hora, considera a tarefa facílima. Dois dias depois, ao iniciar as atividades, entra em pânico. Só um senhor conhece o alfabeto. Pensa em desistir, mas ao lembrar-se dos objetivos do grupo, segue. Por três meses, não percebe avanços.
Num fim de tarde, enquanto aguarda o ônibus para retornar a sua casa, ouve:
– Sora, é o seu! O Alameda!
Vira-se e vê o aluno mais velho da turma lhe abanando. Ao invés de fazer sinal para o ônibus, corre em direção do “seu discípulo” e o abraça com carinho. Feliz, retorna à parada!