a lição que tiramos da espiritualidade é que a espiritualidade...
Ele me confidenciou estar cansado daqueles exercícios.
- Que exercícios? Perguntei
- Espirituais.
- E isso é possível?
- O quê?
- O espírito exercitar.
- Ah, sim. É meditação, mas profunda. Se afastar das paixões.
- E a Jandira, o que acha disso?
- Disso o quê?
- Desse seu afastamento passional.
- Não, cara, não é esse tipo de paixão, mas paixões passageiras, supérfluas.
- Então, você e a Jandira é coisa séria?
- Não! Estamos apenas namorando, curtindo...
- Mas você disse que os tais exercícios espirituais exigiam o afastamento de paixões supérfluas.
- Tá, eu disse, mas não me referia às relações pessoais, mas às coisas. Tratar pessoas como coisas, entende?
- Entendi, então a relação de vocês é séria, não?
- Não, estamos curtindo, já disse.
- Então a Jandira é uma coisa?
- Claro que não!
- Então é sério!
- Tá bom, entendi, por isso que me cansei dessa coisa espiritual. Isso é coisa para essa gente metida que parece zumbi, sem vida, sem paixão.
- Também acho. Vamos no bar do Zé?
- Bóra!
Ele enfim aprendera a primeira e única lição dos exercícios espirituais, não há espírito só o corpo que se alimenta de paixões.