MEMÓRIAS DE UMA LOLITA!!! (PARTE 3).
A ESCOLA COMUNISTA DE BABUSHKA.
Naquela manhã, eu estava ansiosa. Seria meu primeiro dia na escola e eu queria tanto aprender a ler e a escrever. Acordamos as 5 da manhã totalmente eufóricos com a nova escola que acabara de inaugurar aqui perto de nosso bairro. Diziam ser a melhor escola da região, pois foi i Estado que a construiu. Mamãe preparou um belo breakfast para nós. Tinha café, pão e salchichas, lembro tambem que tinha uma maça para cada um de nós e isso nos deixava muito felizes. Mamãe arrumou nossa mochilas com cadernos, borrachas e lápis. Meu sonho era ter uma caixa de lápis de cor, mas papai me disse que custava os olhos da cara e por isso ainda não tinha comprado, mas assim que desse ele compraria para mim. Eu queria levar minha Matrioska para a escola, mas mamãe não deixou porque eu poderia perder as bonequinhas menores. Essa Matrioska foi presente da vovó que me deu antes de partir para o céu. Eu coloquei o nome dessa boneca russa de Martina. Eu adoro o nome Martina, e vocês? Voltando a estória, mamãe proibiu e pronto, não levei Martina para a aula e quase chorei de raiva. Meu irmão mais velho veio me chamar pois o Schoolbus estava chegando.
Era um Schoolbus amarelo igual dos americanos, penso que nosso governo comprou deles. Era um ônibus antigo e parecia que iria se desmanchar. Estava lotado, quase não tinha lugar para mim e para meu irmão. O motorista com cara de bravo nem falou com a gente, apenas abriu a porta e nós entramos no Schoolbus amarelo que partiu rapidamente para seu destino. A viagem pouco demorou, o chato era que ninguém falava conosco, eu achava isso muito ruim, meu irmão parecia não se importar. Depois ele veio me dizer: - Deixe pra lá Babushka, eles são comunistas! Então eu fingi que não estava nem ligando para aquelas garotas loiras e comunistas e metidas...
Quando chegamos a escola, um grupo de rapazes veio falar com meu irmão e o levou para um lugar secreto, ele disse para eu o esperar, porque ele ia ter uma conversa secreta. Daí eu pensei: "Tambem queria ouvir essa conversa secreta". Então fiquei esperando ele por quase meia hora, quando ele voltou e foi logo dizendo: - Não conte nada pra ninguém, ouviu Babushka? Então eu disse que sim e continuamos nosso percurso até a secretaria da escola, lá chegando, a secretária com cara de brava foi logo dizendo: - O que querem vocês? Meu irmão disse que nós erámos meninos do conjunto Prosarov e que queríamos estudar aqui. Então a secretária pegou nossos nomes e nos guiou cada um para sua respectiva série. Meu irmão foi para a 5º série, enquanto eu fui para a Alfabetização 1. Lá chegando me deram bolachas e leite, eu comi tudinho e pensei se meu irmão também tinha comido. Depois me deram um uniforme vermelho e me disseram para vesti-lo logo. Então fui ao toillete e me troquei sozinha. Depois fui para a sala de aula e encontrei algumas daquelas comunistas metidas que passaram a me encarar com cara de bravas. Ao voltar para a sala de aula, reparei que a maioria das meninas eram Tchecas assim como eu, e as Eslovacas não gostavam das Tchecas e assim o clima parecia pesado. O professor era russo, se chamava Fiodor e era muito bravo, ele nos ensinava matemática, latim, tcheco, russo, geometria, filosofia, artes e sociologia (diga-se estudo ao comunismo). Ele dizia que o capitalismo era o "Evil Empire" e que deveria ser ignorado. A verdade era o Comunismo de Lennin e Stalin. Era o que deveríamos obedecer, ver o Estado acima de tudo e de todos, eu achava aquilo muiot chato e não prestava muito atenção. Mas se o professor reparasse nisso, nós seríamos castigadas com palmatória ou ficar ajoelhadas no milho com chapéu de bobo. Nosso professor nos obrigava a cantar o Hino da URSS todos os dias em russo. As meninas eslovacas eram muiot metidas e não nos deixavam brincar com as Matrioskas delas. Eram tempos legais, pelo menos mamãe nos dava uma Coroa por semana para a gente comprar doces e isso era muito "cool"...
Certa vez quando estávamos indo para casa, umas das garotas eslavas me xingou, meu irmão ficou furioso. Mas eu disse para ignora-la e rezar por ela, pois mamãe disse que a reza cura tudo. Meu irmão mais velho queria bater na menina, mas eu não deixei. Segurei seu braço e comecei a orar para Jesus e aos poucos ele foi se acalmando, até que resolvemos ir para casa à pé mesmo. Lá chegando vimos uma coisa muita chata. Papai parecia furioso, mamãe chorava e parecia nervosa, meu irmão quis entrar logo em casa para ver o que acontecia e nessa hora ouvíamos o Billy latir pro papai. Quando eu ouvi um ganido de dor, papai havia chutado Billy com força, e este soltou um ganido doloroso, meu irmão mais velho não se conteve e invadiu a casa para segurar papai que parecia bêbado. Então eu também fui ajudar meu irmão e enfim conseguimos acalmar papai (eu já entrei rezando para a alma dele), papai foi logo se deitar, pois parecia não se manter em pé, enquanto mamãe ainda chorava. Ele parecia esconder o rosto de nós! Meu irmão chegou mais perto de mamãe e a abraçou enquanto eu fui abraçar Billy afagando seus pelos. Eu ouvi mamãe dizer que papai havia sido demitido novamente da fábrica e isso era mau. Senti tristeza e pensei na fome. Mamãe disse que papai bateu nela, por isso ela chorava. Papai nunca tinha batido em mamãe (não que eu soubesse), mamãe começou a orar para papai e este caiu no sono. Fomos tomar leite quente par acalmar os nervos. No dia seguinte papai parecia envergonhado e foi pedir desculpas para mamãe, ela aceitou e disse para ele parar de beber. Ele prometeu que não ia mais beber e então nós fingimos acreditar. Ele saiu logo cedo para arrumar outro emprego. Eram tempos difíceis em nosso país, a Tchecoslováquia vivia grande depressão econômica e por isso as demissões seguiam em massa, haviam protestos por todo o país e o presidente disse que pediria ajuda aos Russos (sempre eles) para melhorar a situação. Víamos muitas estátuas e monumentos de comunistas em Praga. Desde Marx à Lennin passando por Bakunin e Stalin, realmente os Russos mandavam em nós. Os problemas entre Tchecos e Eslavos também cresciam, houve relatos de confrontos entres as duas etnias. Aqui no Leste Europeu era assim, em muitos países haviam diversas guerras étnicas infelizmente.
Era um Schoolbus amarelo igual dos americanos, penso que nosso governo comprou deles. Era um ônibus antigo e parecia que iria se desmanchar. Estava lotado, quase não tinha lugar para mim e para meu irmão. O motorista com cara de bravo nem falou com a gente, apenas abriu a porta e nós entramos no Schoolbus amarelo que partiu rapidamente para seu destino. A viagem pouco demorou, o chato era que ninguém falava conosco, eu achava isso muito ruim, meu irmão parecia não se importar. Depois ele veio me dizer: - Deixe pra lá Babushka, eles são comunistas! Então eu fingi que não estava nem ligando para aquelas garotas loiras e comunistas e metidas...
Quando chegamos a escola, um grupo de rapazes veio falar com meu irmão e o levou para um lugar secreto, ele disse para eu o esperar, porque ele ia ter uma conversa secreta. Daí eu pensei: "Tambem queria ouvir essa conversa secreta". Então fiquei esperando ele por quase meia hora, quando ele voltou e foi logo dizendo: - Não conte nada pra ninguém, ouviu Babushka? Então eu disse que sim e continuamos nosso percurso até a secretaria da escola, lá chegando, a secretária com cara de brava foi logo dizendo: - O que querem vocês? Meu irmão disse que nós erámos meninos do conjunto Prosarov e que queríamos estudar aqui. Então a secretária pegou nossos nomes e nos guiou cada um para sua respectiva série. Meu irmão foi para a 5º série, enquanto eu fui para a Alfabetização 1. Lá chegando me deram bolachas e leite, eu comi tudinho e pensei se meu irmão também tinha comido. Depois me deram um uniforme vermelho e me disseram para vesti-lo logo. Então fui ao toillete e me troquei sozinha. Depois fui para a sala de aula e encontrei algumas daquelas comunistas metidas que passaram a me encarar com cara de bravas. Ao voltar para a sala de aula, reparei que a maioria das meninas eram Tchecas assim como eu, e as Eslovacas não gostavam das Tchecas e assim o clima parecia pesado. O professor era russo, se chamava Fiodor e era muito bravo, ele nos ensinava matemática, latim, tcheco, russo, geometria, filosofia, artes e sociologia (diga-se estudo ao comunismo). Ele dizia que o capitalismo era o "Evil Empire" e que deveria ser ignorado. A verdade era o Comunismo de Lennin e Stalin. Era o que deveríamos obedecer, ver o Estado acima de tudo e de todos, eu achava aquilo muiot chato e não prestava muito atenção. Mas se o professor reparasse nisso, nós seríamos castigadas com palmatória ou ficar ajoelhadas no milho com chapéu de bobo. Nosso professor nos obrigava a cantar o Hino da URSS todos os dias em russo. As meninas eslovacas eram muiot metidas e não nos deixavam brincar com as Matrioskas delas. Eram tempos legais, pelo menos mamãe nos dava uma Coroa por semana para a gente comprar doces e isso era muito "cool"...
Certa vez quando estávamos indo para casa, umas das garotas eslavas me xingou, meu irmão ficou furioso. Mas eu disse para ignora-la e rezar por ela, pois mamãe disse que a reza cura tudo. Meu irmão mais velho queria bater na menina, mas eu não deixei. Segurei seu braço e comecei a orar para Jesus e aos poucos ele foi se acalmando, até que resolvemos ir para casa à pé mesmo. Lá chegando vimos uma coisa muita chata. Papai parecia furioso, mamãe chorava e parecia nervosa, meu irmão quis entrar logo em casa para ver o que acontecia e nessa hora ouvíamos o Billy latir pro papai. Quando eu ouvi um ganido de dor, papai havia chutado Billy com força, e este soltou um ganido doloroso, meu irmão mais velho não se conteve e invadiu a casa para segurar papai que parecia bêbado. Então eu também fui ajudar meu irmão e enfim conseguimos acalmar papai (eu já entrei rezando para a alma dele), papai foi logo se deitar, pois parecia não se manter em pé, enquanto mamãe ainda chorava. Ele parecia esconder o rosto de nós! Meu irmão chegou mais perto de mamãe e a abraçou enquanto eu fui abraçar Billy afagando seus pelos. Eu ouvi mamãe dizer que papai havia sido demitido novamente da fábrica e isso era mau. Senti tristeza e pensei na fome. Mamãe disse que papai bateu nela, por isso ela chorava. Papai nunca tinha batido em mamãe (não que eu soubesse), mamãe começou a orar para papai e este caiu no sono. Fomos tomar leite quente par acalmar os nervos. No dia seguinte papai parecia envergonhado e foi pedir desculpas para mamãe, ela aceitou e disse para ele parar de beber. Ele prometeu que não ia mais beber e então nós fingimos acreditar. Ele saiu logo cedo para arrumar outro emprego. Eram tempos difíceis em nosso país, a Tchecoslováquia vivia grande depressão econômica e por isso as demissões seguiam em massa, haviam protestos por todo o país e o presidente disse que pediria ajuda aos Russos (sempre eles) para melhorar a situação. Víamos muitas estátuas e monumentos de comunistas em Praga. Desde Marx à Lennin passando por Bakunin e Stalin, realmente os Russos mandavam em nós. Os problemas entre Tchecos e Eslavos também cresciam, houve relatos de confrontos entres as duas etnias. Aqui no Leste Europeu era assim, em muitos países haviam diversas guerras étnicas infelizmente.