O terno e a cidade grande
Acordava às quatro da manhã para ajudar o meu pai no campo.
Íamos com muito orgulho para a roça capinar , mas nem quase todo mundo gostava da vida no campo.
Meu irmão Roberto queria sair do campo e fazer a sua vida na capital.
Eu não gostava de como meu irmão tratava a minha família, principalmente o meu pai.
Um dia teve um baile no sítio e meu pai comprou um porco para assar , Roberto o humilhou.
- Pai , para que esse porco inteiro?
Meu pai com toda simplicidade responde.
- Meu filho, você e o Ricardo estão se formando! E como estou feliz quero me expressar assando o porco para toda a colônia!
Roberto começa a humilhar o seu pai.
- Mas como o senhor é um jeca, por isso que eu não vejo a hora de sair dessa roça e ir para a cidade grande.
Eu peguei o Roberto pelo colarinho e gritei.
- Mais respeito com o nosso pai, desde que éramos crianças ele se sacrifica por nós!
Roberto só fala para mim.
- Cala essa boca Ricardo!
Roberto saiu , deixando o meu pai triste.
- Me desculpe Robertinho, volta aqui!
Eu o abracei e disse .
- Logo ele regressa e pede desculpas.
Meses depois, Roberto e eu íamos para a capital, os olhos do meu irmão brilhavam como uma criança em uma fábrica de brinquedo.
Roberto chega com uma mala e fala para mim.
- Meu irmão é a última vez que piso nesse fim de mundo.
- Eu só digo que não machuque o nosso pai.
Após eu falar, o meu pai chega e nos da um par de terno para cada um e fala.
- Esse presente é para vocês, um terno para cada um gastei toda a minha economia.
Roberto fala para o pai.
- Você vem e me dá esse terno, para mim é o fim da picada, a partir de hoje estarei batalhando na cidade grande.
O pai implora para o filho não ir.
- Robertinho por favor volte!
Roberto foi embora e nunca mais voltou.
Passou dez anos casei e virei um agrônomo, meu pai estava vivendo comigo.
Um dia tive de levar o meu pai ao hospital e do carro ele gritou.
- Robertinho! Robertinho!
Eu perguntei ao meu pai.
- Onde está o Roberto?
Meu pai respondeu apontando para a rua.
- Ali pedindo esmolas !
Eu o reconheci com lágrimas nos olhos, meu pai e eu fomos até ele .
Eu o chamei pelo nome.
- Roberto meu irmão, o que houve com você?
Roberto me reconheceu e me abraçou e disse.
- Ricardo, devia ter te ouvido me perdoa pela minha arrogância, ao chegar na cidade me roubaram tudo, menos o terno que o pai me deu, me perdoa!
Eu falei para o meu irmão.
- Eu sempre te releve, mas quem você tem que pedir perdão , é para o nosso pai.
- Onde ele está? - Pergunta Roberto pelo seu pai.
- Claro que perdoo você meu filho, volta para mim! - Responde o pai.
As vezes precisamos valorizar a nossa origem, e respeitar os nossos familiares.
Pois eles trabalham para dar o melhor para nós.