ENTOAR CELESTIAL
Com a chegada do outono, os dias estão mais curtos e mais frescos; folhas e frutas caem no chão; jardins e parques ficam cobertos de folhas de diferentes tamanhos e cores. As chuvas são mais constantes e, com mais frequência, o céu é tomado de pesadas nuvens acinzentadas.
Hoje, protegida por um cachecol, Roberta, enquanto andava em um campo florido, durante um fenomenal pôr do sol, teve seu coração alentado. Em si, uma intensa energia adentrou. A ausência de pessoas queridas havia feito a solidão voltar a atacar.
Da infância à maturidade, incorporou hábitos e gestos de familiares queridos. Nunca demonstrou medos quando estava na companhia de sua avó paterna. Ela sabia ouvi-la como ninguém. Uma cantiga de ninar transportou-lhe ao universo do mágico e da fantasia. Embora ciente que as palavras expressam o que somos, pensamos e sentimos; naquele momento, não lhe eram necessárias. Os pensamentos diziam-lhe o que o coração estava a falar.
A imagem era de total beleza e encanto. E foi, nesta noite, que Roberta percebeu que a “brincadeira de fazer história” ganhara luzes e cores. Acalentada, por dóceis lembranças e repleta de ideias singulares, deu início a sua autobiografia. Emocionada e com cuidado, enxugou as lágrimas que caiam.