Linhas da vida - bviw
Apresentei-lhe seu quarto e convidei-a para um café: - Depois que eu buscar o resto das minhas coisas. E vieram muitas caixas de linhas e trabalhos em tricô. Foi fácil ficar amiga dela. Entusiasmada, mostrava-nos suas tricotagens, feitas nas horas de folga. Mudamos da cidade, mas ela permaneceu no aconchego da terra natal. Quando chegou a notícia de sua partida, imaginei uma passagem tranquila. Lembrei-me de nossas conversas na sala lá de casa. Os filhos e eu ouvindo-a contar suas estórias enquanto entrelaçava as linhas do tricô. Eram estórias curiosas de pessoas com quem ela trabalhara, e mantinha vínculos de amizade. Famílias abastadas, de fazendeiros, artistas, comerciantes. Os relatos nos rendiam ótimas gargalhadas que só ela sabia provocar. Não eram estórias muito diferentes das nossas, sempre em busca de mais conforto e, apesar dos perigos, bens. Aprendi muito com Madalena, que, de casa em casa, viveu sua vida. Ensinou-me que não é necessário demarcar território para vivermos. A felicidade tem caráter definitivo, mas o lugar ideal para ser feliz é aquele onde podemos guardar nossas caixas de linhas coloridas.