Miana - BVIW
- Dona Damiana, vá pra casa! Deixe Terezinha em paz! A sua idade pede descanso. Tequinha sabe o que faz. – É o que sua tomadora de parte? Quem é você para dar-me sermão? Vai-te catar! A filha é minha! Quem pariu foi eu! Saia daqui sua filha da moléstia! Sem êxito na comunicação, Ester vai para casa com o rabinho entre as pernas. Era fofoqueira mesmo. Terezinha, a filha do meio de Miana, como era conhecida, enviuvou e conheceu Biguzinho. Os dois, vindos de outros relacionamentos, resolveram juntar os panos de bunda. Mas, dona Miana tinha um temperamento forte, resolvia tudo na base do ferro, e não metia a língua na boca, soltava o verbo e palavras que feriam a alma. Passou da hora de guardar o ferro e descansar o corpo. 97 anos, e um gênio do cão. Quando soube da safadeza da filha, segundo a sua língua ferina, foi bater à porta dos dois. E quando Tequinha abriu a porta, tomou-lhe um tapão na fuça e bengala na cabeça. – Sua perdida! Tem duas semanas que o marido morreu, e já está esquentando a piriquita com esse fuleiro. Desde nova tinha o fogareiro aceso. Aquieta o facho! Biguzinho veio na defesa da companheira e tomou sua lapada nas costas, trebado de cachaça, falou: - Bate nela! É isso mesmo! Bem o marido não morreu e já veio se engraçar comigo. A senhora está certíssima. Se fosse a minha filha quebrava os dentes também.