DEFESA

Estou olhando do alto de um penhasco rochoso, logo ao sair da mata. De lá avisto o mar aberto e limpo. O som melodioso das ondas batendo na encosta é balsamo, para os meus ouvidos. Deito no solo e fecho os olhos para escutar o barulho das ondas encontrando as pedras.

Desço e caminho pelo manguezal observando os caranguejos saindo de suas tocas estalam suas pinças ameaçando-me por estar ali. As fêmeas balançam o ventre, cheio de ovos, na água da subida da maré.

Estou vestida de branco, minha roupa logo fica suja, a terra é escura como petróleo. Consigo escutar o barulho do mar na areia da praia, cada vez mais perto.

Mergulho na água salgada, entre o mangue e o mar, me parece estranho ser tão fria nessa parte da praia. Fico um tempo boiando, meu corpo parece agradecer o frio.

Percebo um movimento na água e não consigo descobrir o que é, por medo mergulho. Talvez seja um tubarão. Com a cabeça sob as águas vejo uma grande quantidade de enguias, cujos dorsos tem as cores, dourado, verde, lilás. Em seguida elas ficam muito agitadas e começam a nadar ao meu redor. Não entendo o por que. Só depois compreendo, ao sentir uma dor que deixou minha perna esquerda dormente, como um choque.

Tento chegar a superfície e de novo a dor, agora em minha perna direita. As enguias coloridas continuam nadando em volta do meu corpo. Não tenho medo delas.

Alcanço a superfície e tento entender o que está acontecendo. Uma grande mancha escura se aproxima. Era uma caravela enorme, acho estranho as enguias me protegerem desse animal.

23/04/2021*

Tisífone Alecto
Enviado por Tisífone Alecto em 23/04/2021
Reeditado em 23/04/2021
Código do texto: T7239740
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