Sexta - feira
Sexta-feira, um dia alegre, todos saem do trabalho com aquele sentimento de libertação após uma semana trancafiado em suas obrigações semanais. Aqui estou nesse apartamento, esperando uma mensagem, ligação, sinal, qualquer coisa que desse a certeza que você voltaria hoje e dividiria aquele vinho tinto comigo de novo.
Droga, você sempre disse ser empática mas em apenas um vacilo que cometi, uma pequena queda apenas, você juntou suas coisas e foi embora sem me dar satisfação alguma. Óbvio que estou me sentido culpado e talvez seja certo sentir isso agora, mas poxa, eu te amo, será que você não percebe isso? Ou então é você que não em ama tanto assim?
Erros, sempre eles, as pessoas adotam princípios clichês para a vida, frases inspiradoras, histórias de sucesso e toda essa merda plastificada que sequer é real, então quando encontram a realidade entram em um curto-circuito interno e passam abominar o que realmente existe, o que realmente é nosso. Eu detesto clichês, mas todo mundo tá vivendo em uma matrix.
Garotos que esperam corpos perfeitos, retos, bem desenhado, coisa de filme (daqueles bem sacanas), garotas que buscam um príncipe encantando, chefes que acreditam que todo mundo pode ter tudo, picaretas por todos os lados alimentando essa gente estúpida que grita em busca de visibilidade mas apenas passam uma bela vergonha, isso resume o nosso meio social, ou melhor, o meu meio social.
E eu que achava que você era o meu porto seguro no meio dessa tempestade de merda, no final você apenas queria alguém perfeito, que não te desse dor de cabeça, que fosse o teu criado, o teu boneco, acho que todos nós desaprendemos a viver com gente nesses tempos.
Vou ter que me contentar em tomar vinho só.