Paulo no seu tempo de glória
Lembro como se fosse ontem. Nem deu tempo de se despedir.
Aproveitávamos tanto o momento, pois nem conta demos de que seria nosso último encontro.
Ah, se soubéssemos! Apesar de eu não gostar muito de despedida, daria cara a tapa de que aquele dia, tudo seria diferente.
Everton foi mais hilário! Entupiu de tanto comer goiabas.
Lucas quase desaprendeu a andar de tanto passar o dia inteiro na lagoa.
Gabriel foi o mais esperto, até pescou!
Trago na minha memória as repetitivas falas do meu saudoso vizinho, Senhor Lilas, pai de Gabriel:
— Deixem os meninos brincarem! A infância é uma só...
Ah, levei tão a sério suas palavras! Jogamos bola, nadamos à vontade, subimos em todos os pés de frutas daquela saudosa chácara.
Que almoço gostoso! Até hoje sinto aquela gustação no meu paladar.
Enfim, o dia acabou.
Dentro de um mês, Senhor Lilas, partiu deste mundo. Sem chão, sua família teve que desfazer da chácara e de mala e cuia partiram para o nordeste.
Em pouco mais de um ano, meus pais se separaram. Papai foi para Bertioga. Mamãe, eu e meus irmãos fomos para Santa Catarina.
Dona Mara e seu filho João foram os únicos que continuaram em São José dos Campos.
Às vezes me flagro nas redes sociais a fim de reencontrar a galera daquela chácara.
Que nada! Nem vestígio eu encontro.
Só saudade, saudade e saudade...