150 km POR HORA DE RAIVA
Foi difícil encontrar um ponto na Rodovia Presidente Dutra para encontrar um lugar para deixar o carro, e de la pegar o ônibus que fazia a linha para o litoral Norte.
Minha remoção do Interior para São Paulo não saiu, contando que sairia fiz minha mudança...
O processo de remoção?
Travou.
Morando em São Paulo, Capital, trabalhando no interior fez da minha vida uma reviravolta.
No primeiro mês saia da minha casa as quatro da manhã com destino a Rodoviária Tietê, embarcada no ônibus das seis até Sao José dos Campos, de la embarcada em outro até a cidade do meu trabalho, entrava as nove.
No final do expediente o mesmo caminho.Com trânsito chegava em casa as vinte e duas horas, ainda para lavar roupas, cuidar da comida, arrumar as bolsas e separar as roupas das crianças,Ia dormir a uma da manhã.
Um mês nessa vida.
Resolvi tentar pegar o ônibus no meio do caminho, um que ia direto para a cidade sem fazer baldeação, reduziria bem o tempo.
Primeiro tinha que ser um lugar próximo a polícia Rodoviária, para minha segurança.
Consegui depois de tanto procurar, e até chorar para deixarem estacionar num restaurante.Consegui.
Com isso, saia de casa as sete e o ônibus passava as sete e meia.
Quando era véspera de feriado o motorista fazia sinal com as mãos "estava cheio" passava direto.
Então pegava o outro para fazer baldeação, pois o próximo seria dali duas horas.
Um dia no retorno sentou do meu lado um motorista daquela empresa, aproveitei e expliquei minha situação e perguntei se ele sabia uma forma de embarcar no meio do caminho,me deu as dicas para ligar antes de sair de casa e passar o número do passe, o motorista seria avisado e eu conseguiria eliminar esse estresse.
Um, dois, três, quinze dias tudo certo, funcionou.
Porém, naquele dia dei com a mão...O motorista nem olhou, passou direto.
Corri quinhentos metros para pegar o carro.
Meus nervos estavam a flor da pele...Que descaso.
Entrei no carro, aquele dia olhei no velocímetro estava a 150 por hora percorrendo 120 quilômetros,meu objetivo era chegar junto com aquele ônibus,
Estava cega...
Quando o ônibus encostou, encostei junto com ele.Quando abriu a porta eu estava lá esperando abrir, o motorista disse:
- Você vai para caragua ou Ubatuba?
- tem vaga? - perguntei
Tem - respondeu ele.
por que você não parou la atrás no Km 212 da Dutra?
Dei sinal você nem olhou e passou direto?
- A senhora tem que ir na Rodoviária.- Respondeu ele.
Ok..Obrigada - Respondi É não falei mais nada, fiquei com receio de prejudicar alguém da empresa, eu não sabia se estavam me ajudando, afinal, foi um dia.Suspirei, baixei o conformismo.
O tempo passou, três meses depois.
Naquele dia teria que fazer baldeação em São José, tinha algumas coisas para Resolver lá.
São várias linhas que percorriam o vale do Paraíba a São Paulo, de quinze em quinze minutos.
Eram dezoito e trinta vinha um de Taubaté.Dei sinal e entrei.
O motorista me encarou, mas não achei estranho nessa altura do campeonato muitos já tinham me visto.
Sentei, uma hora depois pedi
- Pare, por gentileza no Km 212,
o motorista falou:
- Não foi você que deixei pra trás outro dia da empresa X.?
- OLHEI vem pra ele, reconheci, foi você mesmo.
- Aquele dia eu era folguista, cobria folgas, eu não sabia até chegar na garagem que você pegava todo dia.
Na próxima vez, vou parar...
Agradeci e desci...
Pensei:
Caramba que perigo, tanto ônibus fui pegar com o mesmo motorista daquele dia!
Fiquei impressionada com a coincidência.
Essa foi uma de uma das minhas rotinas até sair minha remoção, que não saiu.E desisti.
Um ano depois mudei com família de volta para o Interior.
De marra, não entrei em outra remoção seguinte, depois de três anos consegui voltar.
Essa foi a única vez que andei a 150 km por hora, de raiva...O preço?
Paguei pedágio e multa por alta velocidade na Dutra e na Tamoios.