NOVO DESENCONTRO

   Dalva saiu da loja Mesbla, na Rua da Palma, onde fôra pagar a prestação de um carnê, com a sensação de que estava sendo seguida, olhou para trás mas não viu ninguém suspeito. Caminhou normalmente e entrou na Viana Leal, outra loja que fica ao lado. Nesse momento olhou para trás novamente e dessa vez viu um senhor de chapéu e grande bigode que lhe olhava, parecia querer perguntar alguma coisa. Dalva viu naquele olhar algo intrigante que a levou a um passado distante, mesmo assim sentiu-se calma e tranqüilamente se aproximou do estranho e o fitou mais atentamente. Aqueles olhos pareciam lhe revelar algo, aquele bigode, apesar de maior, lhe era peculiar. Curiosamente ele lhe dirigiu a palavra e falou:

- Acho que lhe conheço!

Ela, um pouco surpresa, respondeu:

- É, tenho o mesmo pressentimento.

Depois de alguns minutos de prosa chegaram a uma conclusão, realmente eles se conheciam. Ele era Horácio, um antigo colega dos tempos do curso ginasial, estudaram na mesma classe no Colégio Moderno, em Afogados, aqui no Recife. Conversaram bastante relembrando aqueles anos de ouro, ela com seus 16 ou 17 anos e ele também nessa mesma faixa de idade. Horácio pediu que ela anotasse o seu telefone, Dalva então pegou uma caneta na bolsa e anotou em um pedaço de papel que encontrou num balcão da loja. Mais alguns minutos de conversa e um abraço de despedida.

   Chegando em casa Dalva guardou a bolsa e foi cuidar dos seus afazeres. Ficou feliz com aquele encontro, afinal Horácio fôra um colega excelente e sempre lhe orientou nas matérias escolares quando ela tinha dificuldades, participavam dos mesmos trabalhos quando eram feitos em grupo e sempre tiravam boas notas. Terminaram o curso e nunca mais se viram indo cada um para seu lado e agora com esse encontro depois de várias décadas prometeram se aproximar e reavivar a antiga amizade.

   Qual não foi a sua decepção quando procurou o papelzinho na bolsa com o telefone de Horácio, lá não estava mais, cascaviou tudo e não encontrou. Ficou imaginando mil coisas sobre o seu paradeiro, talvez tenha caído no ônibus quando pegou o dinheiro para pagar a passagem, essa foi a única explicação para o sumiço de importante meio de comunicação entre ambos.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 27/03/2021
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