RESSACA
 
Numa sexta-feira, o dia amanheceu ensolarado. As praias do litoral gaúcho estavam lotadas. Na metade da tarde, dá-se rápida e violenta mudança no tempo. O céu cobre-se de negras nuvens. Trovoadas... Relâmpagos... Banhistas, aterrorizados, recolhem seus pertences e afastam-se da praia às pressas. A maré, outrora baixa e suave, torna-se revolta e frenética. O movimento das ondas sobre si mesmas é anormal e apavorante. Guaritas de guarda-vidas, quiosques e cadeiras de praia são sugados pelo mar. A água avança veloz sobre a faixa de areia. Ruas alagadas. O cenário é devastador. No ar, estridentes gritos por socorro e alerta de que está ocorrendo uma ressaca!
Um senhor joga-se ao mar para resgatar o filho e a sobrinha. Enquanto guarda-vidas socorrem as crianças, ele é arrastado pelas águas.
Embora, um pouco distante, sou tomada de tristeza e medo. Assustada com tal realidade, não contenho as lágrimas. São tão abundantes quanto à chuva que caia. Nada abranda a dor que me envolve.
Pensar e refletir a vida é importante. Todo dia, a natureza e os homens surpreendem-nos com gestos coléricos e impetuosos.

Imagem - Google.
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 13/03/2021
Código do texto: T7205909
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