EU (NÃO) CONFESSO
Quando entrei pela primeira vez na sala de espera do psicólogo, a primeira coisa que me chamou a atenção foi um pequeno jardim-zen em frente à porta. Era realmente pequeno, daqueles jardins feitos de areia com um ancinho não maior que meu dedo indicador para que a gente forme com ele alguns padrões (dizem que ajuda a relaxar). Brinquei um pouco com ele enquanto esperava.
Minutos depois, ele abriu a porta, eu entrei e me instalei em frente a ele, em uma poltrona. Silêncio. Comecei a indagar a mim mesma o motivo de eu estar ali, pagando uma fortuna por hora, para que aquele perfeito estranho me olhasse por cima dos óculos com cara de “Eu-sei-mais -sobre-você-do-que-você-imagina.”
Minutos depois, ele abriu a porta, eu entrei e me instalei em frente a ele, em uma poltrona. Silêncio. Comecei a indagar a mim mesma o motivo de eu estar ali, pagando uma fortuna por hora, para que aquele perfeito estranho me olhasse por cima dos óculos com cara de “Eu-sei-mais -sobre-você-do-que-você-imagina.”
Eu sorri, e ele me sorriu de volta, discretamente.
Não sei se ele era mágico ou coisa assim, mas de repente tive um insight sobre mim mesma que me fez ver claramente que ele jamais poderia me ajudar em nada; não era falando com ele que eu me descobriria, mas olhando para mim mesma e para tudo do qual eu me cercara durante toda a minha vida: objetos, pessoas, lembranças. Para me conhecer de verdade, eu teria que responder sinceramente a algumas perguntas práticas: sou feliz? Desejo mudar? O que eu quero? Naquele momento, eu só queria ir embora.
Respirei fundo, peguei minha bolsa e me despedi dele. Aproveitei para passar na loja esotérica e comprar para mim um jardim zen.