SENTIDOS INFIÉIS/EVIDÊNCIA FUGIDIA (BVIW)
Ou muito me engano... Mas acho que estou precisando do divã de um bom psicanalista. Às vezes eu me imagino um poço de questionamentos e contradições A culpa, talvez, como dizia um amigo meu é da inteligência, do espírito analítico, que necessita da sanção dos sentidos para admitir a evidência, e como os sentidos são infiéis e a evidência fugidia me leva a tropeçar a cada passo e a me contradizer em cada instante.
Tem um raciocínio de Kant, que eu acho interessante, diz ele que não importa a existência ou a inexistência das coisas, mas, sim a crença ou descrença que das coisas se tem. Estaria a realidade dentro de nós...? Até onde “os homens de pensamento entrevêem a predominância da ficção sobre o real, ou melhor, que o real, o verdadeiro, é o que está dentro de nós, e não o que vemos e palpamos no mundo das exterioridades?”
Convenhamos que o Kant tenha lá suas razões... Mas, por outro lado, como é que fica a indagação de Luigi Pirandello de que se o espírito se submete a uma convicção, esta não acabará por dominá-lo totalmente e mesmo por aniquilá-lo?
Recorrendo a Sócrates - mais uma vez- com o seu “só sei que nada sei”, para nos lembrar da nossa ignorância, pois é dito que, Kant, Pirandello e os demais homens pensadores não sabem nem onde na vida termina a realidade e começa a ficção.
Sabe do que mais? Que eu caia nos braços da fantasia – “que é a imaginação em dia de folga” – e fique a admirar a beleza do céu azul quando na realidade ele não é céu e nem é azul...
Quanto ao divã do psicanalista vou pensar seriamente sobre o assunto.
(Texto inspirado no ensaio sobre Estética do Direito – autoria do professor Mário Moacyr Porto )