Não foi apenas uma chuva. Foi uma tempestade, uma borrasca que varreu as ruas e, na Praça da Bandeira atingiu 1,70 m de altura...ainda bem que tenho 1,78m, senão corria o risco de morrer afogada. Pois eu jamais consegui aprender adequadamente a nadar... Era março e, logo me vinha à cabeça a música "Águas de Março". Se pudesse, eu voltaria para o escritório e, aguardaria calmamente a tempestade passar. Mas, já estava mesmo no meio da rua. No meio do caminho, logo me lembrei de Drummond, tinha uma pedra...Nada, só tinha água...e, muita água. As roupas estavam ensopadas, os sapatos estavam fazendo um barulho estranho por estarem cheios de água. Como o carro não conseguia passar, tive que encostar na calçada, fechei-o e, fui para um boteco feio na esquina. Aliás, o cheiro não era nada bom... Enchi meu peito de coragem e pedi uma água mineral com gás... Sentei-me numa cadeira miúda que parecia ser infantil. Mal dava para sentar. Mas, ali, pelo menos parecia ser seguro... Naquele tempo, não havia celular... Mal e porcamente o orelhão, que aliás, quase naufragava igual o Titanic... Quando a água chegou molhei as mãos e passei no rosto, tinha a sensação de estar imunda... O tempo passou... quase duas horas. A chuva foi amainando. E, quando cheguei em casa: meu pai com cara de oficial nazista, me perguntou: - Quer matar o pai? Eu, séria, disse não... Mas, como atravessar a Praça da Bandeira com aquela chuva? Meu pai sorriu: E, disse-me:- é você tem razão. Você está parecendo um rato molhado e cansado. Aconteceu depois da chuva.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/02/2021
Reeditado em 01/03/2021
Código do texto: T7191381
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