O poder das águas - bviw
A mala ficava pronta, em cima do sofá. Para Marta a cena era o símbolo do azar, coisa feita para os separar. Foram muitas idas e vindas. Nunca o perdão, o aconchego, a esperança negaram a ele um welcome back. Desta vez não houve nenhum tipo de comunicação. Mau agouro. O tempo se arrastou até a nova estação.
Som de chuva generosa batendo na vidraça, árvores em prolongado banho. Em vigília sonâmbula, Marta escuta o som de pneus rasgando as águas que varriam a rua. O carro pára e da cortina ela o vê: veio de mãos vazias. - E a mala? perguntou Marta gentilmente. - A mala não veio, ficou por lá, sob o domínio da malfadada aventura amorosa! - confessou.
Depois do banho, vestiu o pijama carinhosamente guardado por Marta. Conversaram. As razões soaram cristalinas, as dúvidas se dissiparam no ar limpo da madrugada. Dentre tantos detalhes, dessa vez foi diferente para ambos. Marta continua crendo em bruxarias, mas muito mais crê no poder purificador das águas. Foi a primeira vez que o reencontro aconteceu depois da chuva.
Mote: aconteceu depois da chuva.