A FESTA
A FESTA
Até hoje não saira da sua mente a festa num certo dia, mas próxima a data do festejo de São João no mês de junho na década de 70, ficou marcado. Jovens como ele ali aproveitando todo o embalo do som eletrônico das músicas pop internacionais, de ritmos de discotecas e no ritmo romântico. Casais dançando de rostos colados. Em outra parte do playground ficavam outras moças esperando alguém para dançarem. Ele com vontade de dançar pediu uma delas para dançar, fora recusado, pediu a outra a mesma resposta.
Ele sabia porque, no entanto, se recusava admitir, sua condição de deficiente físico.
Naquele momento tocava mandy com Barry Manilow. Sentiu desejo de estar abraçado com uma daquelas garotas, respirando no ouvido e sentindo a canção.
Volta e meia a festa ocupa suas lembranças os rostos, as fisionomias de pouca importância que fora vítima.
Hoje já estão velhas como ele. Devem ter casado, tido filhos. E os homens perfeitos que elas escolheram as fizeram felizes? E seus filhos todos perfeitos no físico e no caráter? As peles envelhecidas não são mais atrativas daquela festa que as fizeram desejadas. Podem estarem algumas delas no túmulo bem quentinhas nos seus jazigos como estavam nos braços dos rapazes bonitos e perfeitos com a canção mandy na voz de Manilow.
Por não ter consciência da transitoriedade da vida a grande maioria das pessoas se acha autoimune do desgaste do seu corpo, da sua matéria.