Édson estava aliviado pelo ano ter finalmente chegado ao fim. Não obstante, odiar particularmente as comemorações de fim de ano. Numa época em que ele se sentia mais solidário do que o normal. Mas, decidira que seria a última vez, que durante as comemorações de final de ano se sentiria deslocado e isolado apesar de estar em meio aos familiares. Seria a última vez que passaria o Reveillon sozinho em casa. Seria a derradeira vez que teria um ano angustiante, repleto de arrependimentos. Por simplesmente não fazer nada do que tinha vontade. Afinal, Édson queria viver e, não, simplesmente sobreviver. Definitivamente queria mudar, fazer amigos, largar seu emprego e dedicar seu tempo a algo que realmente gostasse. Gostaria de viajar, namorar e até conhecer um amor verdadeiro. Mais parecia que eram metas de ano novo. Em verdade, eram metas de vida. Em busca de maior qualidade de vida. Mas, ele não se sentia tão empolgado como deveria. Nem sentia que algo tivesse mudado dentro dele. Sentia a pressão imensa do tempo e, a necessidade de fazer tudo que jurou que faria. Édson resolveu sair e caminhar para arejar a cabeça. Dez minutos depois, seu olhar desanimado cruzou com uma garota que atravessava a praça. E, o lampejo do encontro, era como se fosse um soco no peito dá início ao processo de ansiedade. Reconheceu a garota como uma colega onde estudara no ensino médio, na mesma escola, sem contudo, jamais se falarem. A garota parecia estar olhando diretamente para Édson. Porém, ele não conseguia acreditar. Decidiu, então, que falaria com ela. Mesmo suando frio e com o coração saindo pela boca. Afinal, teria jurado que faria tudo que tinha medo e vontade. Estava a desafiar-se a passos largos. Foram apenas vinte segundos intensos, parecia que de alguma força o paralisava e impedia seu corpo de se mover. Então, começou a caminhar em direção da garota, apesar das pernas trêmulas, com as palmas das mãos suando e um nó cego na garganta. Sua mente transbordava em pensamentos, mas, não fazia ideia do que falaria para a garota. Quando estavam bem próximos, a garota se antecipou e falou um alegre: - Oi! A garota dissera que se chamava Beatriz e, ele confessou que acha que a reconhecia de algum lugar. Prosseguiram conversando por cinco minutos, mas na cabeça de Édson parecia cinco horas. E, acabaram marcando um encontro para beber uma cerveja. No caminho de volta para casa Édson sentia uma mistura de euforia e ansiedade que fazia com que seu corpo tivesse espasmos. No dia do encontro, tudo correu bem, pois Beatriz o acalmava de jeito excepcional, jantaram, beberam, riram, beijaram-se e, ainda, retornaram juntos para casa. Alguns poderiam chamar isso de sorte, mas foi um resultado que exigiu coragem e atitude. Nas próximas semanas, o casal se aproximara muito e, em breve, aconteceria o aniversário de Beatriz quando se deparou com vários colegas do tempo do Ensino Médio, e reviu o seu melhor amigo de infância, Cláudio. Édson e Cláudio começaram a conversar e a recordar estórias antigas e engraçadas. Riram muito e não conseguiam entender o porquê tinham se afastado tanto. E, decidiram retomar um antigo projeto que acabou virando o sucesso e, mudando definitivamente a vida profissional dos dois. Tanto que foram até os EUA para estudarem e se aperfeiçoarem profissionalmente. E, tudo começou, com uma simples caminhada, com a superação de medos e inseguranças. Precisamos apenas tomar a iniciativa.