Leona - BVIW
Entre a casa e a ponte azul existe um romance proibido. É que o Romeu da história não tem um lastro econômico aceitável, e para complementar, a cor da pele é o maior empecilho. Dona Leopoldina vem de uma linhagem abastarda, do sul da Bahia. E pela janela do terraço sente o aroma do cacau vindo da propriedade, não só isso, ela sente cheiro de amor no ar, de sua neta, a herdeira Leona. – Tereza, vá chamar Leona. Depressa sua lerda! Grita a matriarca para uma de suas criadas. Voando de raiva, Tereza chega ao jardim, e sem respirar direito, fala – Senhorita Leona, com licença, Dona Leopoldina deseja a sua presença. E a doce Leona responde: - Calma Tereza! Descanse um pouco! A menina de volta à casa, sem muita pressa, toma um copo de suco e quando dirigia-se à pia, ouve aquela voz, estridente: - Sua tola, vai destruir a fortuna da família com aquele bastardo, desbotado, sem futuro? Só por cima do meu cadáver! Pensa que não sei? Você se esfregando com aquele pobre coitado na ponte? Com os olhos cheios de lágrimas, coração partido, a neta ficou muda. E a avó continua: - Termine, ouviu? Ou vai se arrepender! Poupe a vida dele pelo menos! Você é igual ao seu pai, chegado na cor! A sua mãe era criada da casa, deitou com seu pai se achando sinhá, assim que você nasceu, oferecemos uma boa quantia em dinheiro e, bem, sumiu no oco do mundo.