O Pincel Amarelo de Sophia - BVIW
Tema: A Casa e a Ponte Azul - CONTO.
Título:
Sophia e Lourenço tinham uma aliança. Quando prometeram um ao outro que viveriam juntos até que a morte os separasse, acreditavam que conseguiriam cumprir mutuamente a promessa. Foram construindo aos poucos a casa: paredes de cumplicidade, varanda de sonhos, jardins de gentileza, telhado de segurança, cozinha de delícias, cama de estrelas, banheiro de sossego, piso de harmonia, redes de delicadezas... Na mesa da copa sempre havia vaso de flor natural, deixando o ambiente vivo. Havia uma ponte construída por eles, e por ela trafegavam palavras, emoções, toques, pele, ideias etc. Quando foram pintá-la, uma certa tensão tomou conta deles e dos pincéis. Não chegavam a um acordo quanto à cor. Sophia queria a cor amarela. Lourenço fazia discursos sobre a cor azul. Ela cedeu e os pincéis azuis derrotaram os amarelos. Muitos sóis e muitas luas se passaram. A ponte foi desgastando, ficando velha, cansada e cada dia mais muda. A pintura já tinha saído para dar lugar à corrosão do tempo. A estrutura da ponte estava tão abalada, que se Sophia passasse correndo da dor, por ela, faria a ponte despencar das alturas. E se Lourenço passasse com o coração pesado demais de mágoa, a faria rasgar ao meio. A ponte tinha emagrecido tanto, que era como um fio de teia de aranha. E ambos andavam na corda bamba, magros, sem cor e sem vida! A tristeza e a desesperança ultrapassavam eles dois. A casa foi ficando decrépita. O jardim, seco e tomado de urtigas. Mesmo que houvesse sol e lua, eles não sabiam mais olhar para o céu. A amargura os tragou. Sophia teve uma ideia: montaria no seu pincel amarelo, que estava guardado, e iria pintar sua própria ponte. Sugeriu que Lourenço fizesse a mesma coisa com seu pincel azul que, mais experiente, faria o trabalho em menos tempo que ela. Ele relutava, mas ela decidiu que não seria enterrada viva. Numa manhã de chuva, ela montou no seu pincel e voou pelo céu de chumbo, muito necessitado da cor da alegria!
Tema: A Casa e a Ponte Azul - CONTO.
Título:
Sophia e Lourenço tinham uma aliança. Quando prometeram um ao outro que viveriam juntos até que a morte os separasse, acreditavam que conseguiriam cumprir mutuamente a promessa. Foram construindo aos poucos a casa: paredes de cumplicidade, varanda de sonhos, jardins de gentileza, telhado de segurança, cozinha de delícias, cama de estrelas, banheiro de sossego, piso de harmonia, redes de delicadezas... Na mesa da copa sempre havia vaso de flor natural, deixando o ambiente vivo. Havia uma ponte construída por eles, e por ela trafegavam palavras, emoções, toques, pele, ideias etc. Quando foram pintá-la, uma certa tensão tomou conta deles e dos pincéis. Não chegavam a um acordo quanto à cor. Sophia queria a cor amarela. Lourenço fazia discursos sobre a cor azul. Ela cedeu e os pincéis azuis derrotaram os amarelos. Muitos sóis e muitas luas se passaram. A ponte foi desgastando, ficando velha, cansada e cada dia mais muda. A pintura já tinha saído para dar lugar à corrosão do tempo. A estrutura da ponte estava tão abalada, que se Sophia passasse correndo da dor, por ela, faria a ponte despencar das alturas. E se Lourenço passasse com o coração pesado demais de mágoa, a faria rasgar ao meio. A ponte tinha emagrecido tanto, que era como um fio de teia de aranha. E ambos andavam na corda bamba, magros, sem cor e sem vida! A tristeza e a desesperança ultrapassavam eles dois. A casa foi ficando decrépita. O jardim, seco e tomado de urtigas. Mesmo que houvesse sol e lua, eles não sabiam mais olhar para o céu. A amargura os tragou. Sophia teve uma ideia: montaria no seu pincel amarelo, que estava guardado, e iria pintar sua própria ponte. Sugeriu que Lourenço fizesse a mesma coisa com seu pincel azul que, mais experiente, faria o trabalho em menos tempo que ela. Ele relutava, mas ela decidiu que não seria enterrada viva. Numa manhã de chuva, ela montou no seu pincel e voou pelo céu de chumbo, muito necessitado da cor da alegria!