O VESTIBULAR E O AMOR

O VESTIBULAR E O AMOR

O vestibular sempre foi uma pedra no calçado do jovem brasileiro. É realizado no momento mais difícil da vida do adolescente. É quando ele é levado a decidir sobre que carreira deve seguir, sem saber ao certo o quê escolher, por absoluto desconhecimento do que representa cada uma delas. Nessa época da vida, é mínimo também o seu conhecimento de si próprio. Acometido por uma enxurrada de hormônios, iniciando sua vida sexual e amorosa, o curso preparatório para o vestibular seria o último lugar em que gostaria de estar.

Assim aconteceu com o nosso querido adolescente Carlos. Depois de estudar num colégio importante, onde sempre primou por tirar as melhores notas, desde o curso primário, nosso personagem chegou à adolescência. Com ela, vieram os primeiros problemas com o estudo. Antes concentrado e alegre, agora Carlos se sentia inquieto e inseguro. Levou o chamado ginasial da época aos trancos e barrancos. Só não foi pior, porque o seu colégio tinha uma metodologia de ensino que forçava o estudante a aprender, sob pena de ser reprovado e isso ele não queria.

O curso científico da época, ele levou com um pouco mais de seriedade e, finalmente, completou o ensino médio sem muito brilho, mas com bom conhecimento geral. Sabia que havia chegado a uma encruzilhada e teria que escolher o caminho a seguir. Sabia, mas não tinha forças nem disposição para prosseguir. Pressionado pelos pais e por colegas, ele finalmente optou por uma carreira a seguir. Sua opção foi a Medicina, vestibular competitivo e profissão da qual ele desconhecia a dificuldade. Entrou para um curso preparatório, sem convicção alguma da sua escolha. Pois foi lá, entre dúvidas e questionamentos, que ele conheceu Lourdes. Ela, linda e enigmática, como uma deusa grega, o cativou e apaixonaram-se perdidamente.

Desse dia em diante, tudo mais perdeu a importância e só queriam viver aquele amor, como se fosse o último de suas vidas. Foram dias gloriosos de paixão avassaladora. Não só o conhecimento prático do sexo era importante, mas a presença física do ser amado era fundamental. Em meio a tanto envolvimento amoroso, é claro que o estudo foi deixado de lado e a esperança de ser aprovado se transformou numa remotíssima possibilidade. Porém, embora tenham “perdido” um ano de suas vidas acadêmicas, sabiam que haviam vivido uma experiência enriquecedora.

O ano terminou e com ele o namoro também teve fim. Porém, para os dois, viver o amor foi como se os tivesse trazido à realidade e a partir de então prosseguiram seus estudos, cada qual em uma carreira totalmente diferente da Medicina. Ele hoje é CEO no exterior de uma grande empresa multinacional e ela é escritora famosa entre os jovens, com diversos livros publicados, cujo tema recorrente é a adolescência.

ABC das Letras.

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Enviado por ABC DAS LETRAS em 08/02/2021
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