O  QUE A LUA ENGOLIU? (BVIW)
 

Noite alta e cadê o sono que não chegava, levantei e fui pra janela e o que vi foi uma lua tão redonda, tão gorda, que até me perguntei, será que engravidou do sol...? Acho que não... Mas o que foi que a lua engoliu se outro dia a enxerguei  magrinha e encurvada?  E, enquanto admirava a gordura da lua ouvi um galo cantar, do quintal de quem, não sei... Tão antigo ouvir o canto de um galo... Nem lembrei de tempos idos, nem bateu saudade... Sou tão  hoje, que nem parece que nasci ontem. Pois é, a noite  está mais para os poetas. Falar em poeta há quem diga que todo ser humano é um poeta trágico. Poeta, porque é iluminado pelo senso de beleza; trágico, porque é ensombrecido pela consciência de sua finitude. Já Cecilia Meireles costumava dizer, que  nem era alegre nem triste, apenas poeta...
Pra caminha, foi o que fiz, não cerrei as cortinas e deixei os meus olhos fixos na vidraça da janela e pensei... A vida está me devendo esta: quando menina levada gostaria de ter sentido a sensação de quebrar, com uma bolada, a vidraça do vizinho. E hoje, de bola e vidraça só conheço a reação através da terceira lei de Newton, que explica: “ Quando uma bola atinge uma vidraça, ambos os corpos interagem; a força que a vidraça aplica à bola reduz sua velocidade, enquanto a força que a bola aplica à vidraça pode quebra-la”. Simples assim.
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 02/02/2021
Reeditado em 02/02/2021
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