CONTOS DO TEATRO HUMANO - UM JORNALISTA CALADO A BALA POR SUA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

CONTOS DO TEATRO HUMA

UM JORNALISTA CALADO A BALA POR SUA LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

"QUEM ME MATOU FOI JOSÉ CAPIM, MARUJO E ZÉ RUELA”.

Estas foram as últimas palavras ditas por Felizometo de Abreu, criador do jornal A Verdade, no ano de 1910, sendo pelo mesmo, um redator aguerrido. Líder do Partido Democrata, em sua folha acastelava ideias que incomodavam o grupo oligárquico naquele momento recheando o poder. Por torna-se um crítico da oligarquia conservadora, era considerado ‘persona non grata’ por ela. Nesse processo de diferença política, foi brutalmente assassinado na Câmara Municipal de Vila Verde em 1 de abril de 1920.

O Delegado do inquérito e conhecedor da política doméstica, expôs o crime:

“Na impossibilidade material de se reconstituir a cena criminosa, já pela dificuldade de elemento demonstrativo direto, já pela excitação daqueles que poderiam depor, pôde através da “numerosas e coerente prova colhida neste inquérito, chegar a conclusão positiva, real e categórica de que, mal Felizometo de Abreu adentrava na sala da Câmara Municipal de Vila Verde, atiram-se sobre ele, com uma fúria de canibais, repletos de ódios e cheios de sede de sangue, José Capim, que o segurou pelo braço, manietando-o e dominando-o com a sua conhecida musculatura de Hércules, - enquanto que Marujo e Zé Ruela, numa fúria impiedosa de criminosos reiterados na carreira do crime, pularam para a frente, encostando os seus revólveres às costas de Felizometo, num verdadeiro acesso de monstruosidade indomável, disparando a carga completa de suas armas.

Após o inquérito o caso foi encaminhado para a justiça. Justiça Comum – por crime comum ou Justiça Federal – por imunidade parlamentar?

Infelizmente, naquela época, Têmis, com os olhos vendados, fez vistas grossas a tamanha barbaridade. Os responsáveis foram inocentados por falta de provas e outras combinações jurídicas lideradas por José Capim: Amigo do Juiz, do Bispo e talvez até do Papa. E o que falavam os moradores daquela Vila.

Contudo, Felizometo não ruiu na amnésia dos esquecidos. Teve seu nome estampado em ruas, praças, teatros, etc. Depois de vinte anos dessa tragédia, O Jornal Vila Verde destacou em seu editorial.

“Como Tibério caiu sob as lousas do Capitólio, caiste tú sob o teto de uma Câmara Municipal que faz de conta”

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 29/01/2021
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