Álbum de aniversário
Passou pelo corredor da sala e buscou com o olhar a caixa de madeira encapada com um plástico dourado. Seria aniversário dela naquele dia. Levou-a para o quarto, abriu e olhou brevemente para o álbum de fotografias em seu interior, da mesma cor e material da caixa. Fora, junto com o retrato de quinze anos, uma das heranças por ela deixada, as mais queridas para ele.
Olhou aquelas fotos, conferiu as pessoas e seus sorrisos. Algumas, como ela, não estavam mais nesse plano físico. Lembrou de um dia alguém lhe ter dito que em geral as famílias se reúnem nos aniversários, casamentos e enterros e só nos dois primeiros fazem fotos para recordar. Aquele fora um aniversário muito especial, pois não muitas pessoas que nasceram no dia e ano em que foi inaugurado o primeiro farol de Torres - mesmo dia em que São Paulo fez seu 358º aniversário e ano em que o Titanic afundou - sopraram 100 velinhas, já bem velhinha, centenária. Estava muito ativa nesse dia, andando, ouvindo e conversando. Posou para todas as fotos com um sorriso no rosto e ainda dançou a valsa! Claro, não com a mesma desenvoltura que deve ter sido a dos seus 15 anos, mas dançou e as fotos não lhe deixavam mentir.
As fotos antigas não deixam mentir, até as que foram feitas como mentira, alteradas para enganar. Analisadas por especialistas, revelam quase sempre as verdades explícitas e implícitas, reveladas e ocultas. As fotos de hoje, digitais, já são tão alteradas que em muitos casos é difícil mesmo ver se elas representam ou não algo real. Ele não era um especialista, mas assim divagava, lembrando daquele dia e daquelas pessoas. Álbum de família, objeto físico, coisa do passado. Alguns, como ele, ainda os fazem e guardam em casa. Por isso podia constatar que ela sempre fora bonita, dos 15 aos 100 anos.
O silêncio da noite invadiu sua alma imersa em recordações. Fez um café passado, sentou e o sorveu enquanto fitava o álbum aberto sobre a mesa. Ela ainda estava presente, nesse mundo, naqueles retratos e nas lembranças dele. Sorriu.
Passou pelo corredor da sala e buscou com o olhar a caixa de madeira encapada com um plástico dourado. Seria aniversário dela naquele dia. Levou-a para o quarto, abriu e olhou brevemente para o álbum de fotografias em seu interior, da mesma cor e material da caixa. Fora, junto com o retrato de quinze anos, uma das heranças por ela deixada, as mais queridas para ele.
Olhou aquelas fotos, conferiu as pessoas e seus sorrisos. Algumas, como ela, não estavam mais nesse plano físico. Lembrou de um dia alguém lhe ter dito que em geral as famílias se reúnem nos aniversários, casamentos e enterros e só nos dois primeiros fazem fotos para recordar. Aquele fora um aniversário muito especial, pois não muitas pessoas que nasceram no dia e ano em que foi inaugurado o primeiro farol de Torres - mesmo dia em que São Paulo fez seu 358º aniversário e ano em que o Titanic afundou - sopraram 100 velinhas, já bem velhinha, centenária. Estava muito ativa nesse dia, andando, ouvindo e conversando. Posou para todas as fotos com um sorriso no rosto e ainda dançou a valsa! Claro, não com a mesma desenvoltura que deve ter sido a dos seus 15 anos, mas dançou e as fotos não lhe deixavam mentir.
As fotos antigas não deixam mentir, até as que foram feitas como mentira, alteradas para enganar. Analisadas por especialistas, revelam quase sempre as verdades explícitas e implícitas, reveladas e ocultas. As fotos de hoje, digitais, já são tão alteradas que em muitos casos é difícil mesmo ver se elas representam ou não algo real. Ele não era um especialista, mas assim divagava, lembrando daquele dia e daquelas pessoas. Álbum de família, objeto físico, coisa do passado. Alguns, como ele, ainda os fazem e guardam em casa. Por isso podia constatar que ela sempre fora bonita, dos 15 aos 100 anos.
O silêncio da noite invadiu sua alma imersa em recordações. Fez um café passado, sentou e o sorveu enquanto fitava o álbum aberto sobre a mesa. Ela ainda estava presente, nesse mundo, naqueles retratos e nas lembranças dele. Sorriu.