Entre sombras de uma rua deserta
A luz mortiça de um poste adensa sombras na rua deserta. Tudo é silêncio e calma. De repente, porém, eis que surge da escuridão um velho maltrapilho: barbas mal feitas, roupas surradas, mãos lamacentas e pés feridos.
Em uma de suas mãos, o gargalo de uma garrafa de cerveja já vazia; a outra tateava o muro a procura de um apoio. Andava lentamente em trôpegos passos.
Parou perto de uma lata de lixo, ainda cambaleando abriu-a, e retirou de lá conteúdos em quase estado de putrefação. O odor empestou o lugar, ouviu-se um miado de um gato que parecia não está distante.
A garrafa foi deixada de lado, e em suas mãos encontravam-se agora restos de comida, as moscas logo se aglomeraram. Pegou um resto me mamão apodrecido e pôs em sua boca. A que ponto chega a miséria humana?
Passou alguns minutos parado deglutindo a comida. Nada mais foi ouvido até se levantar, o que demorou certo tempo, pois sua tontura não o deixava se equilibrar.
Procurou novamente o muro para se apoiar e seguir seus caminhos desconhecidos. Por trás deixou a garrafa vazia ao lado da lata de lixo aberta.
Minutos depois nem seus passos eram ouvidos, muito menos seu rosto era visto. Tudo voltou ao normal, somente a luz mortiça do poste iluminava aqule lugar onde reinava as sombras e o silêncio.