Quando a psiquiatra me deu alta eu era um vislumbre de Poder, uma mulher aparentemente… Pronta. Finalmente recebi a tão sonhada “alta”. Quis ir de ônibus sozinha pra casa, e quis me vestir bem, ficar boa, ficar… gostosa… Marcar de sair com amigas ou quase-amigas… Eu queria muito estar… Pronta. Mas, eu não estava bem. Eu só tinha aprendido a fingir um pouco melhor… / E eu a queria de volta… 2 vezes por semana me dizendo regras obvias que eu – obviamente - teimava em não seguir. Eu queria muito de tudo aquilo… tantos homens, tanto amor, tantas reuniões e biritas e festinhas. Tantos “remédios multicoloridos”. Eu não queria sentir… não podia sentir minha testa, minha boca, mesmo que cravada na boca de um carinha qualquer, minha vagina, tudo dormente em minha cabeça. Eu tinha em mãos o papel da alta e a certeza de que acabaria me dando mal outra vez… de uma vez. Nossa, como eu daria TUDO pra fazer parte de algum cenário deprimente de alguma sala de espera, cercada de gente doente e fazendo cara de morte. Em breve muito em breve… eu acabo voltando. / O sexo com meu marido #namorado #ex foi BOM. Sempre é “BOM” pois seguimos um certo SISTEMA. aprendido em anos, não tem muito erro… Todos saem gozados e quase-felizes e o ifood vem em seguida. Os seriados de suspense policial e vem depois… e as brigas, poucas… elas vem, às vezes. Ele tem medo de mim. Medo do que posso fazer comigo. / Ao deitar na cama, pensamentos… e confusão… uma coisa mastigando em minha cabeça. Coisas como: “VOCÊ NÃO TÁ FELIZ”. “LARGA ESSE IDIOTA.”, “DÁ UM CORNO NELE.”. “APOSTO QUE ESSES ATRASOS NO CINEMA (vocês perdem sempre a primeira sessão)”. “APOSTO QUE ESSE SURF (que ele inventou bem de manhã cedo, impossível de te encontrar acordada, tanto na ida quanto na volta) é uma amante. Sim, ele tem uma amante. Mas e daí? Quer dizer… Fazer o quê? Quando a psiquiatra me deu alta, me sentei em frente ao computador e maratonei o seriado da Super Girl. Depois devo ter detonado uns 15 pães com ovo… Me chamo Matilda e tudo o que mais tenho agora, é um bom punhado de solidão ao redor de um mundo de gente. A solidão de quando fazemos alguma cagada muito grande e todos em volta nos desprezam ou se preocupam demais… Namorados, filhos, amigos, colegas de trabalho. / Nesse momento a psiquiatra exercia uma figura única e imparcial. Eu recebi ALTA (… ELA é a louca). Eu recebi um contrato atestando que estou SÓ e posso me virar… O que não sabem é que estou perdida. E sem a menor força pra ser responsável pelo bando de besteiras que saem de minha boca o tempo inteiro… Eu quero morrer. Não, não quero… Mas quero que me acordem e me olhem nua na cama e toda cortada nos punhos. E simplesmente afirmem que não posso seguir em frente sem uma tonelada de profissionais por perto… Sem Ela por perto.
Quando a psiquiatra me deu alta eu era um vislumbre de Poder, uma mulher aparentemente… Pronta. Finalmente recebi a tão sonhada “alta”. Quis ir de ônibus sozinha pra casa, e quis me vestir bem, ficar boa, ficar… gostosa… Marcar de sair com amigas ou quase-amigas… Eu queria muito estar… Pronta. Mas, eu não estava bem. Eu só tinha aprendido a fingir um pouco melhor… / E eu a queria de volta… 2 vezes por semana me dizendo regras obvias que eu – obviamente - teimava em não seguir. Eu queria muito de tudo aquilo… tantos homens, tanto amor, tantas reuniões e biritas e festinhas. Tantos “remédios multicoloridos”. Eu não queria sentir… não podia sentir minha testa, minha boca, mesmo que cravada na boca de um carinha qualquer, minha vagina, tudo dormente em minha cabeça. Eu tinha em mãos o papel da alta e a certeza de que acabaria me dando mal outra vez… de uma vez. Nossa, como eu daria TUDO pra fazer parte de algum cenário deprimente de alguma sala de espera, cercada de gente doente e fazendo cara de morte. Em breve muito em breve… eu acabo voltando. / O sexo com meu marido #namorado #ex foi BOM. Sempre é “BOM” pois seguimos um certo SISTEMA. aprendido em anos, não tem muito erro… Todos saem gozados e quase-felizes e o ifood vem em seguida. Os seriados de suspense policial e vem depois… e as brigas, poucas… elas vem, às vezes. Ele tem medo de mim. Medo do que posso fazer comigo. / Ao deitar na cama, pensamentos… e confusão… uma coisa mastigando em minha cabeça. Coisas como: “VOCÊ NÃO TÁ FELIZ”. “LARGA ESSE IDIOTA.”, “DÁ UM CORNO NELE.”. “APOSTO QUE ESSES ATRASOS NO CINEMA (vocês perdem sempre a primeira sessão)”. “APOSTO QUE ESSE SURF (que ele inventou bem de manhã cedo, impossível de te encontrar acordada, tanto na ida quanto na volta) é uma amante. Sim, ele tem uma amante. Mas e daí? Quer dizer… Fazer o quê? Quando a psiquiatra me deu alta, me sentei em frente ao computador e maratonei o seriado da Super Girl. Depois devo ter detonado uns 15 pães com ovo… Me chamo Matilda e tudo o que mais tenho agora, é um bom punhado de solidão ao redor de um mundo de gente. A solidão de quando fazemos alguma cagada muito grande e todos em volta nos desprezam ou se preocupam demais… Namorados, filhos, amigos, colegas de trabalho. / Nesse momento a psiquiatra exercia uma figura única e imparcial. Eu recebi ALTA (… ELA é a louca). Eu recebi um contrato atestando que estou SÓ e posso me virar… O que não sabem é que estou perdida. E sem a menor força pra ser responsável pelo bando de besteiras que saem de minha boca o tempo inteiro… Eu quero morrer. Não, não quero… Mas quero que me acordem e me olhem nua na cama e toda cortada nos punhos. E simplesmente afirmem que não posso seguir em frente sem uma tonelada de profissionais por perto… Sem Ela por perto.