VÉSPERA DE NATAL







Houve um tempo em que começavamos a pensar no natal, a partir de agosto. Eu, com minhas inesquecíveis e amadas mãe e irmãs.
Èramos quatro, ou melhor, cinco. Começavamos a fazer a lista dos presentes e das várias comidas que planejavamos preparar. 
Nossa família bem grande e unida, sete homens e quatro mulheres em casa, com nossos amados pais. Papai dizia que érams treze, o númeo da sorte, além dos agregados e amigos que quando não podiam viajar, passavam o natal conosco, porque suas respectivas famílias moravam noutras cidades.
Modéstia à parte, nossa casa era muito alegre, especialmente, quando cheia de gente jovem, todos com o mesmo pensamento. O NATAL! Alguns, selecionavam as músicas tipicas da época, outros organizavam o cardápio para a ceia, uma árvore de natal que ia até quase o teto, cheia de luzes, laços coloridos, ali num canto especial da sala, onde arrumava-mos as lembranças que eram inúmeras! Uma mesa enorme, as melhores porcelanas, uma toalha pintada pela minha mãe. Animação e fartura, tudo que se deseja e sonha para a ceia de natal. Mas o tempo passa e tanta coisa muda! Cada um toma um caminho diferente, outros se casam e constituem suas próprias famílias e até as festividades natalinas perdem um pouco aquele encanto, aquele brilho e seu significado.
A vida, transporta alguns para seu lado desconhecido, deixando fisicamente, uma lacuna que nada preencherá.
E comigo, não foi diferente. Primeiro, nosso inesquecível e amado pai, que era um dos mais animados da família, especialmente, nessa época.
Quinze anos depois, nossa mãe, sempre amada, muito simples, mas carinhosamente otimista, falava manso, super discreta, ​​​​​ foi ao encontro de papai.
Passados onze anos, perdi para a eternidade também, dois dos onze irmãos e assim, a cada ano o natal vai perdendo um pouco de cor e brilho... Minha amada mana, a última a nos deixar, há quase nove anos, era de todos nós, a  mais apaixonada pelo natal! Aliás, em tudo que ela participava ou promovia, se tornava ainda mais especial, porque ela simbolizava VIDA, LUZ... Até, celebrava o natal antes da data, uma semana, para encher a casa, com nossos familiares daqui e amigos, para que cada um estivesse livre no dia 24, para comemorar com os seus, porque no dia 25, dia de natal, ela viajava de férias, para passar o ano novo, com o restante da nossa família em Fortaleza, mesmo que nossos pais, fisicamente já não estivessem consco. Minha mana, tinha o poder da empatia, de trazer todos para junto dela, onde quer que estivesse. Hoje também, na casa do Pai. Quanta saudade! E assim, hoje em dia, o natal para mim, por mais que brilhem as luzes, enfeitem-se as ruas, toquem os sinos, as cidades fiquem mais sonoras e festivas, esta época, para mim, não tem mais o mesmo significado. É quando multiplicam-se as lembranças e a saudade se intensifica, chegando a doer no coração e se eu pudesse, ah! Se eu pudesse, não armaria nem uma pequena árvore. Se não fosse pelas minhas netas...Elas já me pedem. Eu simplesmente, me isolaria, não ouviria sequer uma música. Se me fosse possível, adormeceria na noite do dia 23 de dezembro e só despertaria em janeiro, quando tudo já tivesse passado.
É assim, que sinto o natal nos tempos atuais, mas desejo sinceramente, feliz natal para todos e que o ano que se aproxima, seja pelomenos de saúde e paz paz para todos nós.