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A coisa parecia estar… ficando “pesada” demais pra Cibele. Se vomitasse ali… fosse no mar ou no chão, seria motivo de piada. Talvez fosse parar num vídeo do Youtube antes mesmo que conseguisse chegar em sua própria casa na manhã seguinte. 

Alguns eram humanos maravilhosos. Outros eram grandes “otários da nova era”. A música soava…   as pessoas cantavam, e alguns casais se beijavam de tal forma que Cibele se sentiu incomodada… meio invadida… com um pouco de raiva. “Cristo!! Vão pra debaixo de uma moita!! Ninguém é obrigado a ficar assistindo… parece pornô ao vivo!”  – Mas, parecia que só ela se importava. 

Jorge passou um tempo – quase uma hora – fazendo movimentos de Tai-Chi na areia com os pés afundados na água que subia. Era gostoso assisti-lo ali… Ele era confiante… era entorpecente… quase fazia com que seu enjoo passasse. Então Jorge parou… muito ereto, ainda encarando o mar e começou a cantar uma música… Mas ele não cantou muito alto e Cibele não pôde entender direito a letra, mas já a amava e se apoderava daquela voz como uma voz em formato de pílula que curasse o enjoo e o efeito da substância que veio parar no seu sangue… aquelas malditas trufas. 

De repente – apesar da boa música – Cibele olhou todos os rostos… Todos os olhos… um por um. E não se sentiu bem… Não se sentiu muito à vontade. Jorge… O Moço da Motocicleta… Afinal se virou olhando diretamente nos olhos de Cibele. Ele tinha um largo sorriso e com muita alegria fez um sinal pra que ela fosse até ele. Cibele ainda olhou um pouco ao redor… Seria uma vergonha imensa se levantasse e fosse em direção a ele sem ser convidada. Mas quando finalmente se levantou ele se moveu de forma ainda mais acintosa e alegre, como um palhaço de um cinema mudo. 


 – Oi. - Disse Cibela num tom quase inaudível, ajeitando o cabelo atrás da orelha… 
 – Então, vamos nos sentando aqui. E depois a gente podia caminhar juntos até a outra praia ali… e se livra dessa gente…! O que acha? 


Cibele se sentiu acolhida… mais que isso, ela se sentiu perfeitamente COMPREENDIDA. Apesar da timidez e da ressaca, procurou qualquer tufo de areia que lhe fosse conveniente e se sentou. Ao se sentar acabou dando um sonoro suspiro como se estivesse prendendo a respiração desde a hora em que chegara na “festa”.

– Sabe por que eles acham que eu sou “sábio” ou coisas assim…? Sábio e maluco, tipo “gênio incompreendido”? Eu sei o que falam de mim… 
 – Por quê?
 – É só porque eu tô AQUI, longe deles.


Cibele coçou o queixo como se estivesse entendendo, mas quisesse – e até exigisse – que Jorge elaborasse melhor… as suas ideias. 

– Eu consigo ficar sozinho. Eu consigo vestir o que eu quero. Eu consigo dizer o que quero. Ou consigo ficar sem dizer nada, um tempão… E passar batido sem falar com ninguém. Eu nunca disse nada inteligente pra esses trouxas! E eles me acham estranho, então basta, - vez ou outra - inventar qualquer frasezinha de autoajuda e eles caem no caô… 

*CONTINUA