Delírio Paupérrimo
Determinou-se, foi ato impulsivo, sentiu-se profundamente desfalecido e decidiu chegar ao ponto final.
Jogou-se do penhasco numa queda livre, foram segundos da desejada partida sofrível.
Mais ainda existia durante o cair, contornou-se um pouco mais, tentando paralisar todo restante de vida.
Concluídos cinco segundos do desejo vil da morte, topou com uma pedra no caminho, e a ira sucumbiu para dar lugar a decepção.
Tudo ilusão, enquanto o pobre pensamento de arruinar-se totalmente foi crescendo e decidiu agir, viu no alto mar e céu, não percebeu...
Se jogou de uma moita, uma imitação de monte delineado pela natureza, que no máximo tinha cinco metros de altura.
E toda a demora de chegar ao declínio, não passou de um delírio da mente que alimentava desgraça em meio a incerteza.
Após a queda livre e curta, lhe aguardava embaixo, uma maré baixa, com água só para lavar os pés e uma lama ecologicamente saudável de um manguezal que lhe fez sujar a cara.
E assim melado e vivo ao invés de ensanguentado, morto e destruído, percebeu que uns caranguejos passeavam.
Existiu em meio a coisas vivas que não falavam, mas demonstravam beleza e afeição.
Resolveu secar a lama e apreciar a maré que enchia, e molhar-se num merecido banho que levaria nas águas o mal.
Definiu-se delirante cidadão do mundo que como muitos, sofrem a opressão do pensamento fragilizado.
Mas lembrou-se que a mente afetada por anos ou segundos, pode ter reversão positiva e continuar a vida sem os medos.
CarlaBezerra