CONECTADA AO NATURAL (BVIW)
Maria foi passar três meses no sítio da prima Ana. Havia um abismo entre as duas realidades. O que, de certo, tornar-se-ia uma convivência conflituosa. A família mineira, avessa à tecnologia, tudo era feito sem uso de máquinas. Ana era a cyber-garota conectada vinte quatro horas. Facilitava a vida teclando.
- Mocinha, por gentiliza, seu celular ficará confiscado até a sua volta para casa. – Orientou tia Analice. - Piada pronta, tia? Qual é!? Tá zuada? Nem em sonho me separo do meu lovinho! - Aqui a realidade é bem diferente da sua. Terá tempo para se adaptar.
Na boca o silêncio, o olhar fuzilava a tia. Só Deus sabe o que gritava aquela mente inconformada! Os primeiros dias foram como de abstinência química. Maria roída as unhas, batia portas, e se limitava ao sim ou não, por vezes sinalizando com a cabeça. Odiou a mãe por estar naquele ambiente retrógrado. Odiou os parentes de mentalidade primitiva. Os tios e a prima pareciam indiferentes à rebeldia da carioca. Ana até tentou fazer com que Maria se habituasse à nova rotina, porém, ouviu: Me-deixa-sua-chata-esquisita-do-mato! Depois do dito, até sentiu uma poeirinha de remorso, a zanga era mais forte, por isso acabou dando os ombros sussurrando um dane-se! À noite não conseguia olhar para a prima, a grosseria pesou na consciência. Lembrou-se da frase que a avó usava com frequência: Morda na língua para não ferir o próximo. Após esse episódio, ficou menos arredia, e já se envolvia nos afazeres. Notou como a Ana era inteligente, tinha gosto pela leitura, pronunciava bem as palavras, e sem gírias ou palavrões. A harmonia na hora das refeições, sem interferência de celulares ou Tv, dava aquela casa uma paz cuja sensação boa era rara na sua. Passados os dias, hora de retornar ao lar. De posse do seu celular, colocou os fones nos ouvidos da prima Ana, escolheu a música apropriada: “Desculpe o auê, eu não queria magoar você”. – As duas riram e se entenderam no abraço. Maria partiu para casa com outros valores, e o desejo de voltar em breve. Ana estava feliz por sua família ter proporcionado à Maria um novo jeito de perceber a vida.
- Mocinha, por gentiliza, seu celular ficará confiscado até a sua volta para casa. – Orientou tia Analice. - Piada pronta, tia? Qual é!? Tá zuada? Nem em sonho me separo do meu lovinho! - Aqui a realidade é bem diferente da sua. Terá tempo para se adaptar.
Na boca o silêncio, o olhar fuzilava a tia. Só Deus sabe o que gritava aquela mente inconformada! Os primeiros dias foram como de abstinência química. Maria roída as unhas, batia portas, e se limitava ao sim ou não, por vezes sinalizando com a cabeça. Odiou a mãe por estar naquele ambiente retrógrado. Odiou os parentes de mentalidade primitiva. Os tios e a prima pareciam indiferentes à rebeldia da carioca. Ana até tentou fazer com que Maria se habituasse à nova rotina, porém, ouviu: Me-deixa-sua-chata-esquisita-do-mato! Depois do dito, até sentiu uma poeirinha de remorso, a zanga era mais forte, por isso acabou dando os ombros sussurrando um dane-se! À noite não conseguia olhar para a prima, a grosseria pesou na consciência. Lembrou-se da frase que a avó usava com frequência: Morda na língua para não ferir o próximo. Após esse episódio, ficou menos arredia, e já se envolvia nos afazeres. Notou como a Ana era inteligente, tinha gosto pela leitura, pronunciava bem as palavras, e sem gírias ou palavrões. A harmonia na hora das refeições, sem interferência de celulares ou Tv, dava aquela casa uma paz cuja sensação boa era rara na sua. Passados os dias, hora de retornar ao lar. De posse do seu celular, colocou os fones nos ouvidos da prima Ana, escolheu a música apropriada: “Desculpe o auê, eu não queria magoar você”. – As duas riram e se entenderam no abraço. Maria partiu para casa com outros valores, e o desejo de voltar em breve. Ana estava feliz por sua família ter proporcionado à Maria um novo jeito de perceber a vida.