O gerente do Magic Bank

Adriana entrou no ônibus e num segundo clicou em preto e branco o terno combinando com os olhos e a camisa com o sorriso. O rapaz estava prontinho pra casar, mas a poltrona ao seu lado por certo não seria a dela - ela só dava azar. Uai!? dessa vez era: 13 e 14, a dela ao lado da janela! Usando jeans e uma camiseta ultrajante ela cumprimentou o desconhecido tomada por uma vergonha romântica. Ele respondeu com um olhar reluzente realçando o rosto sem vinco, típico dos homens bem trajados.

Ficou claro entre eles que ela estudava na capital e estava indo para a sua cidade, a próxima - e ele seguiria viagem com destino não revelado. Quando ele disse que era gerente do Magic Bank ela colocou num balão os seus sonhos cor-de-rosa, e através da janela do veículo, lançou-o ao vento e acompanhou sua ascensão aos céus. Alheia à velocidade incompatível com a estrada perigosa, Adriana preparava-se para o sim, para os cuidados com o lar e para ter filhos cheirosos e bem vestidos.

Mais alguns poucos quilômetros e veio a despedida, sem lágrimas, sem adeus - só um tímido boa viagem seguido de um obrigado os separou. Ela abaixou a cabeça e sem olhar para trás entregou ao motorista o bilhete da passagem. Ele seguiu viagem, ela seguiu o rumo de casa. Até hoje ela acredita num final feliz. Adriana é assim: está sempre no mundo da lua, sem nunca ter sido astronauta.

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 31/10/2020
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