Éramos jovens, o frescor das ideias, a quimera violenta apesar das adversidades e, queríamos ser heróis em tudo. Visionários acreditávamos cada vez mais em sonhos. Lembro-me da aventura de experimentar o primeiro cigarro, Holywood, ao sucesso. E, na primeira baforada, imaginava produzir nuvens particulares, capazes de sediar meus pensamentos mais nebulosos e passíveis de tempestades. Parada e tragando o tabaco, pensando que aquilo faria-me parecer adulta. Hoje, morro de rir dessa lembrança. A gravatinha azul do uniforme, a saia plissada e as meias brancas esticadas nas canelas, toda essa indumentária nos equipava como se fôssemos samurais em campo de batalha. O detalhe do nó francês desmaiado, era um requinte à parte. Lembro-me ainda de minha tia, delicadamente ensinando-me como cruzar as pernas com discrição e elegância. E, eu que já trajava o short por debaixo da saia, só para não ficar preocupada se algo demais aparecesse... Ah! no dia da educação física era um sofrimento inédito. Porque depois de tanto esforço físico, suor e odores, utilizar o mirrado chuveiro da escola era tarefa hercúlea... e, ainda, utilizar o sabonete embalado dentro da mochila... era algo novamente cômico. Depois, o desodorante. E, ir para sala de aula se sentindo uma libélula virgem.Tudo era um elemental encantado diante de nossos olhos viçosos e que sempre anunciava que a mudança é necessária. Havia um mantra positivo e célere a acenar com a renovação após períodos de desafios e dificuldades. Enfim, bebericávamos coragem, força e felicidade, nas transcedências dos dias, no ritmo das dinâmicas escolares e, principalmente, na escultura do espírito humano em rumo de crescimento infinito.