O primeiro ato você lê no link abaixo: (https://www.recantodasletras.com.br/contos/7030863)


Faltando menos de um mês para as eleições, Faustino Alencar conserva um estado de preocupação diante do cenário. Era impensável supor que seria tão difícil duelar contra Flávio e Álvaro. O sobrinho conta com grande aceitação na zona rural, enquanto o comerciante conseguiu trazer para seu lado figuras importantes da cidade outrora apoiadoras dos Alencar. No momento, Faustino e sua equipe arquitetam alguma ação capaz de garantir a vitória; e nesse sentido terá os recursos da família a incumbência de possibilitar o feito.

Flávio, ignorando todos os prognósticos iniciais, continua com boas expectativas de vencer. Fez da serra divinense seu mote de campanha e aposta todas as fichas aí. Depois de receber dados comprovando seu bom desempenho, cercou-se de confiança e intensificou suas andanças. Mesmo sabendo da força de Álvaro Lima, enxerga no seu tio, Faustino, seu maior obstáculo, antagonizando-o com o velho e eficaz discurso ”do nós contra eles." E com a disputa embolada, o engenheiro já presume a decisão do jogo concentrada nas comunidades, e seguirá nelas o seu foco.

Os motivos para comemorar são muitos para Álvaro Lima, sua campanha deslanchou e consegue se ver ativo na corrida. Está, dia após dias, rodando o município de Divinéia para se apresentar ao povo, e os resultados estão melhores do que se previam. Com pesquisas internas apontando sua competividade, engajou-se num movimento o qual clama pela renovação dos quadros políticos da cidade, se aproveitando do feudo Alencar e pregar, nas costas de Flávio, o demérito por pertencer à família; uma vez essa controlando autoritariamente o munícipio por anos.

Carlos Reis, ao computador, analisa os próximos passos da sua estratégia para ter mais visibilidade. Lançou-se candidato e se proclama contra o sistema. Recebeu algum apoio, mas se vê limitado pelo poderio financeiro dos seus adversários e também por sua base eleitoral minguada. Sabe, entretanto, as contribuições positivas de um cidadão para com o município vão além de se tornar prefeito. A ideia, muitas vezes, tem um valor mais próspero. Longe de jogar a toalha, Carlos segue trabalhando firme para tentar uma reversão do quadro e sagra-se vitorioso.

Há um silêncio incomum em Divinéia. A população, acostumada a viver às turras na política, usufruindo-a com intensidade nos seus arroubos característicos, adotou uma postura austera. Será a descrença na classe ou é a indecisão em quem votar? Talvez as duas coisas. Estão todos esperando...Como se fossem autômatos aspirando um comando estranho o qual ainda não veio. Se é a desilusão, por que trilhar essa estrada? É tempo de esperança, afinal sempre há oportunidade do divinense sonhar e realizar, bastando apenas ter melhor percepção das escolhas empreendidas...