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Kafka andava pela
passarela
do Porto da Barra
e era madrugada

Existia alguma iluminação
desde que o prefeito
reformara toda a orla...

Só que do outro lado
ainda reinavam as sombras
e os "bichos" do submundo.

Kafka seguia, praticamente só
pela passarela e do outro lado
viam-se sombras de gente

Sombras de gente que
não se considera gente
gente cometendo delitos

... escondendo-se
no véu do escuro.

Carros eram proibidos
e nem teriam se quisessem
e todos se arrastavam...

(e faziam uma fumaça...
uma fumaça que parecia
tóxica)...

Kafka parou e olhou, encarou
houve um "shhh...", ignorou
se encostou com intenção de
não ser visto...

e um homem
chamado Danilo
passaria por ali, logo, logo...
cansado de seu trabalho
como vigia noturno

da estátua do Cristo.

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Danilo assobiava e sonhava
com os braços de sua
namorada ansiosa sonolenta
e cheirando a baunilha e café

Enquanto Kafka puxava
de dentro do casaco jeans
um facão que já servira pra
cortar coco,

e que muito brilhava
diante da luz do farol
e dos faróis de um fusca
que por ali passou.

(continua)

(
Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 07/10/2020
Reeditado em 07/10/2020
Código do texto: T7082251
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