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Um pingo d’água separou-se do bando para acariciar uma flor, que eu pus num vaso na varanda. Ela sorria com amor enquanto o pingo percorria – alegre e despreocupado - todo o seu corpinho de flor.

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“Se vives tão-pouco na tua condição de flor tão-linda… imagina minha dor… eu que sou um pingo… Quanto tempo tenho? Minutos? Segundos? Antes que o Sol se incline um pouco mais, perto de mim… antes que haja muito vento…” - Ela o olhou com tristeza.

Ofereci um copo d'água, mas ela recusou… Prometi levá-la até a chuva (a fim de conhecer outros pingos), mas ela também recusou… Então me calei e esperei calmamente o fim daquele ‘amor de verão’ enquanto um percorria o outro…

Foi quando de repente pudemos presenciar um milagre…! Ao assistirmos o pingo desaparecer no ar e ganhar o céu. E antes que eu pudesse chorar sua morte, surgiu outra vez, renovado e lindo junto a um grupo de novos irmãos, numa chuva fraca, que anunciava o início da primavera… Chegou desesperado para reencontrar sua flor… e eu me enchi de alegria e esperança… Mas o pingo chegou tarde demais! Pois a flor já estava completamente murcha e seca.
Então sem me olhar e sem nada dizer… simplesmente escorreu por um ralo e sumiu.

Eu… Tirei o vaso da janela e nunca mais tive flores.