O miserável em sua ilusão.
Na beira-mar deixo-me levar
Cenário resplandecente de luar
Flautas ancestrais ecoando
Dando maior eufonia ao lugar.
Quem diria qu'eu fosse aqui parar?
Outrora perdido, cheguei por acaso
Seres receptivos me encontraram
Desmaiado na areia em pleno ocaso.
Curado com ervas e plantas nativas
Logo me integrei a todos eles
E fui posto como pessoa amiga
Então me encantei com esses seres.
O tempo foi cada vez passando
Eu já nem lembrava de casa
Da minha realidade amarga
Minha vida agora era outra.
Mergulhei em sua cultura rica
Sua musicalidade envolvente
Danças, festas, vestes e comida
Tudo era vibrante e contente.
Lá não havia manhãs
A lua sempre estava presente
O céu escurecido
Mas enfeitada de estrelas cadentes.
Tinha encontrado minha paz, finalmente
Um dia, porém, me acordaram da ilusão
Estava em frente ao meu conhecido lixão
Lá a dor e o sofrimento eram recorrentes.