Agora sou uma borboleta
Amadeu era o seu nome de registro
"CASULO" era o seu nome artístico
Saltimbanco era a sua profissão, ou missão (como costumava dizer)
Não conhecia outra coisa desde criança
Alegrava multidão com suas cenas burlescas
Tempo de glória, ele viveu por longos anos
Aquele sorriso alegre com as suas atrapalhadas
Valia mais que qualquer riqueza
Aos poucos suas piruetas perderam a perfeição
Seu corpo cansado exigia economia de esforço
Seus olhos lacrimejaram ao contemplarem
Um garoto arisco que se vestia tal como ele
Diante daquela cena, enfim
Pôde prever sua aposentadoria
Entrando em seu camarim, fechou a porta
No dia seguinte, o jornal da cidade anunciava:
"CASULO" o palhaço mais amado, há décadas
Foi encontrado, morto, com um bilhete na mão
Cuja escrita será seu epitáfio
"Por anos fui CASULO, agora sou uma borboleta".