Oração contra o vício na ausência da crença
Quando eu tinha uns dez anos de idade, o Diabo colocou um cigarro nos meus lábios e um corotinho em minhas mãos, me ensinou a tragar e dar um "taio" na "marvada". Nesta época, eu frequentava o casticismo da igreja do meu vilarejo, e lembro-me perfeitamente, que enquanto eu estudava as lições de catequese, eu as fazia dando pequenos goles de pinga mesclados com pequenos tragos no cigarro.
Alguns anos se passaram e embora minha religiosidade tenha durado menos que a fumaça do primeiro trago da minha vida, eu sou eternamente grato ao embuste da religião que eu sustento, justamente por poder inclinar a minha canalhice de rezar todos os dias, implorando para Deus me ajudar a abandonar todos os tristes vícios da minha vida miserável. E embora Blaise Pascal tenha me ensinado que Deus virou as costas para a humanidade, eu reforço que me aproveito disso, e apenas rezo todos os dias para parar de fumar e de beber. Gostaria também de deixar claro que sou igualmente grato a Deus e ao Diabo pelas influencias que tiveram em minha vida.
E para arrematar, vou agora na birosca da esquina comprar fumo e pinga, pois acabo de dar o meu ultimo trago e digo também que odeio tanto as pessoas que fumam, que bebem e que rezam, pois eu mesmo não faço nenhumas dessas três coisas.