ARISTARCO - O CARECA

Na época que vivi minha infância e juventude em Urucará, tivemos muitos personagens que marcaram suas presenças no convívio da sociedade urucaraense, um desses personagens

foi sem sombras de dúvidas o casal, Seu Aristarco Libório dos Santos, que tinha o apelido de "Careca" e a Dona Celeste Vieira dos Santos, tiveram dois filhos: Aristoteles Vieira dos Santos - O Totinho e Claudete Santos do Canto - A Detinha, que viviam ali na Rua Crispim Lobo na parte de cima da cidade, vizinhos de onde morava o seu João Victor Ramos, próximo ao mercado municipal antigo.

Morava ali com sua esposa muito felizes, ela sempre sorrindo e ele muito fagueiro, brincalhão e amigo, eu os conheci e nunca vi os dois brigando

Quem não conhecia o seu Aristarco e a Dona Celeste, em Urucará, todos. Mas, assim era antigamente, todos se conheciam, quando chegava uma pessoa de fora, todos sabiam que essa pessoa era de fora.

Seu Aristarco, foi um dos grandes leiloeiro da Festa do Divino e da Padroeira. O nosso amigo saudoso Totinho, foi o cara que veio para Manaus estudar e quando voltou de férias, não conhecia mais peixes, foi quando foi pescar com um amigo, que pegou um peixe e o Totinho todo boçal, foi meter o dedo na boca do peixe, de repente acertou o nome do peixe: é uma piranha, que deixou a marca no dedo do nosso amigo Totinho.

Bem, o seu Aristarco, tinha um terreno do outro lado do rio, onde ele plantava verduras, macacheira, frutas como mamão, melancia, e outras.

Quando éramos jovem, nos dias de Domingo, pegavamos um casco, remo, um litro de vinho, ia para o meio do rio tomar banho, alagavamos o casco, desalagavamos, pegando sol.

Uma vez, decidimos pegar melancia no terreno dele, quanto estávamos colhendo, ele aparece brabo, acusando a gente de roubo e outras coisas, aí falamos: seu Aristarco, viemos de brincadeira, a gente ia pagar só uma, daí, oferecemos um copo de vinho pra ele, foi quando ele disse: podem pegar as frutas que quiserem; acabou tomando vinho com a gente e nos abraçando, levamos só uma melancia pra comer.

Esse era o perfil do seu Aristarco gente boa brincalhão e amigo. Assim como a Dona Celeste, que viviam sorrindo e felizes.

Tem um coreto na ponte de madeira, que era o ponto de encontro dos amigos, lá colocavam a conversa em dia, se encontravam ali depois do jantar até as 21h ou 22h, horário de se recolher para dormir.

Conheci o senhor Paulo Barreto, que adivinhava se ia amanhecer chovendo ou não, bastava olhar pra Lua, olha que eu aprendi muito, geralmente quando ela está rodeada de aros branqueados, é sinal de chuva no outro dia.

Grandes personagens de Urucará do passado, com certeza terei o prazer de narrar, um pouco da história dessas pessoas maravilhosas.

O seu Aristarco, era uma figura, quem o conheceu sabe do que estou falando

merece esta pequena homenagem.

Em: 19/07/2020

José Gomes Paes

Escritor e poeta de Urucará