Zeichenkunst - Stefan Kahlhammer - Art of Drawing | three crazy ...
As 3 mulheres conseguiram 3 cogumelos alucinógenos... E estavam radiantes, antecipadamente radiantes. A vida inteira radiantes... e não era efeito de entorpecentes… muito menos de remédios. Você tem ou não tem, um sol dentro de si. Eu curto a escuridão da noite e do vento frio... Sempre tenho impressão de que a lua está me observando e sorrindo. Em noites sozinho eu não sei o que é real ou mentira… o que é vivo e o que é morto. Cavalos Negros alados passavam voando por nós e elas distribuíam risadas faceiras aos cavaleiros que os montavam, sem perceber que já tinham morrido há vários anos atrás.

Um dos cavaleiros - um homem absurdamente alto, e de rosto branco e cadavérico - desceu de sua montaria e pôs-se a vir em nossa direção. Eu sempre sinto cheiro de perigo. Não é metáfora… Essas coisas têm cheiro. Do mesmo jeito que sexo tem cheiro, abraço de amigo e afago de mãe. Tudo de bom e ruim possui um cheiro distinto… A morte é doce-azeda, às vezes lembra uma flor já secando. E o perigo tem cheiro enferrujado de sangue misturado com álcool.

Eu não conseguia me mover, estava paralisado por algum feitiço, encostado querendo gritar. E elas continuavam lindas... e rindo... e apontando. O morto-vivo se irritava ainda mais à medida que chegava mais perto. Ele tinha uma espada nas costas, algo medieval, brilhante, pesado… brutal. Quando finalmente chegou, uma delas lhe ofereceu uma lata de cerveja e segundos depois seu braço já rolou no chão e jorrou tanto sangue que ela caiu ali mesmo. Ele era tão habilidoso com a arma que ao mesmo tempo em que golpeava uma já desferia outro golpe na outra e na outra. O sangue jorrou em meu rosto, me pintando de vermelho. Vi um olho cair em minha frente, ainda se mexendo em espasmos finais. Membros se espalharam no chão em golpes certeiros.

Afinal, alguns poucos minutos depois, quando pude me mover, me virar e encarar o desastre… Uma das minhas amigas ainda se mexia, apesar de dividida por um golpe no tronco. Suas pernas jaziam ao seu lado, ela ainda me olhava e emitia um grunhido de dor. “quer uma carona?”, perguntei sorrindo, sem jeito. Ela fez um esforço pra sorrir de volta… Segui pelas ruas levando a parte superior do seu corpo nas costas enquanto ela se agarrava num abraço esforçado em meu pescoço. O restante do corpo eu, arrastei dentro dum saco de lixo preto. “você está de folga amanhã? Pode dormir até mais tarde?”, perguntei.

“ESTOU! GRAÇAS A DEUS…”. - Ela respondeu.